segunda-feira, 2 de abril de 2018

CENA BAURUENSE (171)


EM QUE CONDIÇÕES VEREADORES IRÃO REATIVAR O CODEPAC?
Eu não frequento mais a Câmara Municipal de Bauru e isso ocorre desde o começo dessa nova Legislatura, onde desta forma demonstro o meu desalento total para com sua atual composição, com nenhum vereador (a) atuando na defesa dos interesses populares. Escrevo e repito, NENHUM. Foi essa a escolha e preferência dos eleitores bauruenses e reflete muito bem suas motivações. Ponto. Dito isso passo ao tema seguinte, o que me traz aqui hoje. Li semana passada na '"Entrelinhas', do Jornal da Cidade uma nota onde os atuais vereadores votariam semana passada a reativação do CODEPAC - Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru (http://hotsite.bauru.sp.gov.br/codepac/bens_tombados.aspx), mas não o fizeram e sob a alegação de falta de tempo. Segundo se diz, tiveram assuntos mais importantes para tratar e colocar o Conselho em atividade ficou para segundo plano. Ele se encontra desativado há mais de dois anos.

Esse Conselho está em segundo plano já faz um bom tempo. Presidi o mesmo por quatro anos e fui conselheiro por oito. Sou de um tempo onde o CODEPAC atuava e muito fez por essa cidade. Nas gestões anteriores à minha foram tombados aproximadamente 40 imóveis, bens materiais e imateriais, a maioria seguindo seu curso sem nenhuma regulamentação ou mesmo acompanhamento por parte de quem se interesse por dar destino a peças históricas desta cidade. Cito alguns nomes de ex-conselheiros Coaracy Domingues, Nilson Guirardello, Fábio Pallotta, Márcia Nava, Ruiz Pelegrina, Sergio Losnak, Claudine Gottardo, etc. Foram anos de intensas e concorridas reuniões, com decisões polêmicas, envolvendo toda a cidade. Hoje, o marasmo toma conta de tudo e o desleixo prevalece.

Circular pela cidade e ver alguns dos itens tombados e em estado de total abandono é mais do que normal e também alguns já totalmente irrecuperáveis é sinal do desleixo. Por que o desinteresse em reativar o CODEPAC? Primeiro, porque existe, e isso é evidente, uma força contrária, pois as decisões do Conselho ferem alguns interesses na cidade, inclusive os especulativos. Depois, melhor deixar quieto e ir empurrando tudo com a barriga, alguns poucos reclamarão e a maioria nem notará a falta de alguém querendo regulamentar o assunto tombamento urbano. E por fim, o pior de tudo, a não existência de um elaborado plano de tombamento, de acompanhamento e de reestruturação desses imóveis no poder público. Diante disto, a pergunta que não quer calar: Tombar para que, se nada será feito pelo poder público e nem pela iniciativa privada? Será somente mais um abacaxi dentro da administração pública.

Não sei se o assunto volta à baila na sessão de hoje dos vereadores, mas se voltar, percebam como tudo será feito com desdém, sem um real interesse nessa reativação. Inegável isto. Edificações como a Casa dos Pioneiros, Sociedade Nove de Julho e dois hotéis na quadra 1 da Rodrigues Alves estão em petição de miséria e horrorizando a cidade. Não só o CODEPAC, mas a cidade num todo poderia se juntar e decidir algo sobre eles e também sobre o destino dos vagões lá em Triagem Paulista, onde muitos deles estão tombados, tratando-se de peças únicas e se deteriorando no tempo e sob ação de constantes dilapidações. O vereador coronel quer a retirada deles de lá, mas nem sabe que muitos estão tombados e fizeram parte da história bauruense. Por que não levá-los para a perto da gare central da Estação da NOB e junto de outros aguardando restauro? Ou seja, muita coisa poder ser feita, mas não o é.

Já fiz parte de formações do CODEPAC contemplando em sua maioria gente oriunda do poder público, tudo para que não se perdesse nunca uma votação quando os interesses da Prefeitura estivessem em jogo. Vejo que o melhor mesmo é isso não mais ocorrer. Seria uma oxigenação e independência interessante ter na nova composição, se ocorrer e for incentivada, gente de diversas áreas ligadas ao tema, podendo discutir e no momento da votação não terem a certeza de que a Prefeitura ganharia todas. O fato, para mim, é um só: o CODEPAC faz falta, pois tudo deixado ao deus dará é um retrocesso imperdoável e quem o patrocina não sabe o mal produzido para a história bauruense. Acompanho à distância o que se passa nos próximos capítulos.

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