sexta-feira, 31 de julho de 2015

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (65)


UM CONVITE PARA PARTICIPAR DE ATO "ENDIREITADOR" E DE COMO RECUSEI NA LATA, DE BATE PRONTO:

1.) PRIMEIRO O CONVITE RECEBIDO DESSA FORMA E JEITO VIA E-MAIL:

Em 28 de julho de 2015 08:50, Pedro Polesel Filho <polesel@faac.unesp.br> escreveu:
Segue matéria sobre movimento social em Bauru.Coordenador de movimento convoca região para protesto - Coordenador nacional do movimento Vem Pra Rua Brasil, Jorge Izar esteve nessa segunda (27) em Bauru para convocar região para novo ato, em agosto
http://www.jcnet.com.br/Politica/2015/07/a-democracia-esta-sendo-espancada.html

“O brasileiro tende a ser muito imediatista, mas é preciso entender que estamos no meio de um processo. Precisamos continuar indo às ruas para mudar este estado de coisas”. Com esta visão, o coordenador nacional do movimento Vem Pra Rua (VPR) Brasil, o engenheiro Jorge Luiz Izar, esteve nessa segunda-feira (27) em Bauru para convocar a região para uma nova manifestação do grupo, marcada para o próximo dia 16 de agosto em âmbito nacional. Além do Vem Pra Rua, também participam da articulação do ato movimentos como o Brasil Livre e o Revoltados Online. “Estamos todos juntos, até porque as reivindicações são muito parecidas”, pontua. Criado há cerca de dois anos, o Vem Pra Rua Brasil se autodenomina um movimento pacífico, apartidário e sem pretensões eleitorais. Garante que não levanta bandeiras de impeachment (de maneira inconstitucional) ou deposição da presidente Dilma Rousseff por meio de golpe militar. Entre as reivindicações do grupo, estão a redução da carga tributária e da burocracia, a defesa da democracia, da ética na política e de um Estado “eficiente e desinchado”. “Pedimos, ainda, redução de 22 ministérios, a investigação efetiva no BNDES, o corte de envio de verbas para Cuba, entre outras questões que afetam diretamente a sociedade brasileira”, completa Izar. São medidas que, segundo ele, foram enviadas em uma carta de demandas ao Congresso Nacional em abril deste ano e que, até o momento, não foi atendida. Por este motivo, assim como Izar, o coordenador nacional de segurança e comunicação do VPR, Ricardo Costa, defende a mobilização popular como forma de pressão. “É claro que uma única manifestação não vai mudar 515 anos de história. Vamos precisar de outras ações em todo o País. A população precisa entender que é obrigação fiscalizar e cobrar o governo. O Brasil é nosso e o governo tem de conduzi-lo da forma como queremos”, observa.
 

Adesão - Devido ao cenário econômico desfavorável e ao clima de descontentamento em âmbito nacional, o movimento acredita em adesão massiva de manifestantes no próximo dia 16, já que, segundo os organizadores, todas as cidades e camadas sociais estão sendo afetadas pelas medidas de ajuste fiscal “insustentáveis” adotadas por Dilma, que “vão na contramão de tudo o que foi prometido durante a campanha eleitoral” e forçam a população “a pagar a conta”. “A democracia está sendo espancada, com invasões de propriedade, impunidade, corrupção, destruição das famílias frente a uma política econômica equivocada, que impõe uma carga tributária absurda, burocracia excessiva, taxas de juros elevadas e consequente desemprego. Este governo continua mentindo e tripudiando sobre o povo brasileiro, especialmente sobre a classe produtora, que leva o País nas costas e está sendo destruída”, reclama ele, que é um dos diretores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em São Paulo, entidade que, oficialmente, não se posiciona sobre este debate. Em Bauru, contudo, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) já se manifestou favorável ao movimento, por meio de seu diretor regional Domingos Malandrino, que acompanhou a visita da liderança ao espaço Café com Política do Jornal da Cidade. “Com todas as decisões equivocadas que colocaram o Brasil em uma situação tão difícil, o empresariado ficou descrente, enfraquecido, dilacerado. Este movimento, a meu ver, pode ser importante se conseguir tirar a categoria deste estado de apatia”, pondera Malandrino. Também estiveram presentes ontem no JC líderes do movimento Juventude Bauruense, Paulo Ladeira e Gabriel Machado Loureiro, e o coordenador regional do Vem Pra Rua, Ferozzy Cohen, acompanhado por Anna Paula Cohen.

Agroindústria - Recentemente, o movimento criou uma ramificação, o Vem pra Rua Rural, para defender demandas específicas de produtores e empresários da agroindústria. Segundo a coordenadora deste “braço”, Maria Isabella Gedeon Izar, a adesão do setor tem sido positiva e crescente. “Ele foi muito prejudicado nesses últimos 12 anos. O PT destruiu a agricultura, mas a bagunça vai acabar. Queremos dar um basta. É uma tempestade que vai passar se estivermos juntos. Vamos vencer e ninguém vai conseguir nos destruir”, enfatiza.


2.) EIS MINHA SINGELA RESPOSTA VIA E-MAIL, GROSSA E LONGA:
 caro Pedro Polesel Filho e demais dese inusitado Grupo:
Acho que me enviaram isso por engano, pois nao coaduno com golpistas, muito menos em estar aliado a algumas das instituiçoes e pessoas relacionadas no seu texto. Nunca iria em um movimento com essa característica cega, obtuso e segregacionista. Por tudo o que lutei ou estive envolvido numa vida inteira nunca apoiaria algo dessa natureza. Se o tal do "Vem pra Rua", "Brasil Livre" e o "Revoltados Online", depois de tudo o que já demonstraram ser capazes seguem por um lado, quem luta por liberdades democràticas, um mundo com alternativas além do neoliberalismo ("um outro mundoe possível"), com menos ódio e intransigencia, com certeza meu caminho é exatamente o oposto do que vejo sendo construído por voces.

Quando leio alguém assim gratuitamente pedindo o "corte do envio de verbas para Cuba", como se elas fossem algo representativo, onerando nossos cofres ou mesmo perdas para nossas divisas, vejo que trabalham com a desinformaçao da populaçao. Falseiam com a verdade, pois o que ocorreu no Porto de Muriel é algo grandioso, enriquecedor para o país, que até os EUA já reconheceram, mas tacanhos internamente, cegos pela contrainformaçao continuam despropositadamente investindo contra. Isso me causa repugnancia. Acredito que saibam o que de fato ocorreu naquela transaçao, mas insistem por querer realmente ver o país de ponta cabeça. Como alguém sensato pode querer embarcar em algo com voces¿ Só muito desinformados ou os na mesma sintonia de despiraçao.

Esse um dos pontos. Noutro fico bestificado de ver que alguém agindo sensatamente consiga estar ao lado do que representa hoje a FIESP, que està cravando a faca nos direitos trabalhistas e comandada por alguém como o sr Skaf, um dos maiores retrógrados desse país na atualidade. Quero distância da FIESP e nao apoiar seus atos insanos nesse momento. Quando leio algo asim: "O Brasil tem que ser conduzido da forma como queremos". Vade retro do nosso paìs ser um dia conduzido com esses olhos voltados para o neoliberalismo mais nefasto que já tivemos no planeta. Enquanto voces lutam para "defender demandas específicas de produtores e empresários da agroindústria", nunca citando os trabalhadores e menos favorecidos, estarei junto desses e de suas reivindicaçoes, nunca ao lado de quem mandou nesse país de forma nefasta em quase 500 anos e só fez crescer as desigualdades sociais.

A luta de voces, pelo que vejo, nao é em defesa da agricultura e de quem nela produz, mas dos oligopólios e latifundios do campo, favorecendo sempre o grande agricultor, aquele que massacra o pequeno e ganha cada vez mais, fazendo com que aqueles sob o seu tacao ganhem cada vez menos. Querem os direitos trabalhistas na lata do lixo. Se é esse o país que defendem, acredito terem perdido o bonde da história. Recomendo algo bem simples nesse exato momento, uma simples lida nos últimos pronunciamentos do papa Francisco, pois ele reafirma exatamente isso tudo que respondi para voces, ser contra o deus dinheiro. O que defendem é meramente indefensável.

Era isso. Tirem meu nome dessa lista macabra, pois nenhum defensor do estado de direito pode querer estar nela. Prego uma revoluçao, mas SOCIALISTA. Dilma, Lula e o PT possuem suas culpas, mas nao sao os únicos culpados, muito menos os maiores. Para passar esse país verdadeiramente a limpo deveríamos começar a limpa pelo que defendem.
HENRIQUE PERAZZI DE AQUINO - jornalista e profesor de História

quarta-feira, 29 de julho de 2015

COMENDO PELAS BEIRADAS (04)

EU E A MULHER MAIS ALVISSAREIRA DE TODA ARGENTINA, QUIÇÁ DA AMÉRICA LATINA
MAFALDA PARA PRESIDENTA DE TODOS NÓS.

OBS.: Estarei um tanto ausente por esses dias em trânsito e quase sem contato internético, daí minhas publicações truncadas e mais espaçadas. Acredito que tudo só voltará ao normal no meu retorno à Bauru em 09/08, até lá, sigo postando mal e porcamente, nos intervalos de um trabalho acadêmico a me ocupar o dia. Até breve...
HPA

domingo, 26 de julho de 2015

RELATOS PORTENHOS (18)


VOLTAR PRA BA!
Macri está de saída da Prefeitura da cidade. Ufa! Não se alegrem, pois acabou de eleger seu sucessor, o da boca grande. Ainda não aprendi seu nome. É o Larreta. Cristina, a aqui também denominada pela sigla CFK, dama eternamente de preto (e de luto?) continua até o final do ano. A eleição presidencial daqui ocorre em outubro e nos mesmos moldes da nossa última. Ela, após segundo mandato não pode concorrer e seu candidato enfrentará o Macri, ex-capô do Boca Junior, que trouxe o Tevez de volta para incrementar o time e a campanha. Vejo ocorrendo aqui o mesmo que ocorrido no Brasil. O jogo é duro e bruto. Estão a fazer de tudo e mais um pouco para piorar o país e favorecer a troca de poder do ruim pelo muito piorado. Nem Nestor e Cristina, como Lula e Dilma são socialistas, mas o estão num patamar acima de gente como Aécio e Macri. Se o Brasil já está de pernas para o ar, a Argentina tende a ficar. Isso está escrito no ar, no que os grandes jornalões, aqui também donos reais do poder, pretendem fazer daqui até outubro. O mundo jornalístico está dividido. Meu Mino Carta daqui é o hoje também radialista Victor Hugo Morales. Está todo dia nas manhãs radiofônicas, como nosso Boechat. Diante de tanta mediocridade, salva a lavoura. E eu aqui já com meu Página 12 debaixo do braço, lendo sobre a volta do Tevez e sobre esse negócio de que argentino não vai até o Caminito. Eu continuo indo (e a pé, aprendi o caminho) e o faço para ver se a grafite feita numa parede de um bar, pelo amigo carioca Felipe Carvalho dois anos atrás, ainda está lá num bar depois dos trilhos, o La Bohemia, duas quadras da Bambonera. Ano passado estava, veremos essa semana. Esse ano estarei apresentando com Ana Bia dois artigos no Encuentro Latinoamericano de Diseño, na Universidade de Palermo. Ela será agraciada com o tírulo de embaixatriz, dará aula especial para alunos do Doutorado em Design. Quero estar na fila do gargarejo e com minha registradora maquininha fotográfica. Gastarei também muita sola desapato, andanças mil pelas “calles”. Trouxe meu rádio para ouvir o La Mañana com o Victor Hugo na Contineltal, um poquinho da Rádio Madre, AM 530, com um divinal slogan, o “la primera de la izquierda”. Será que vou conseguir achar tempo e ter grana para ver o River Plate na final da Libertadores, quarta próxima com o Tigres do México? Contando os pesos. De que lado fica o Monumental de Nuñez? Como já visitei quase todos os museus por aqui, vejo uma bela programação, com muitos debates no recém inaugurado Centro Cultural Kirchner. É para lá que eu vou, levando junto meus textos do mestrado. O amigo Tomato, que esteve em Bauru duas vezes e morando aqui perto, em Tigres, talvez o reencontre. Outro que quero reencontrar é o locutor do La Guagua, José Luiz Ajzemmesser, com um programa por aqui e um dos maiores entendidos em MPB em todo o pampa. Quero muito também rever o Miguel Rep, o das tiras diárias do Página 12, o maior muralista daqui. E na Feira de San Telmo vamos hablar com as amigas de Marlene, uma amiga que fizemos por aqui, foi travesti no Brasil na época do Cassino da Urca, morreu final ano passado e vamos juntar falação em torno do que representou. Um pequeno hotel, uma região perto da Corrientes, quase esquina com Callao e pertinho de bons teatros. Talvez tenha sorte e possa assistir um show de Fito Paez (o vi uma vez em Bauru junto de Nando Reis), ou do melhor cancioneiro argentino para mim, o Leon Gieco. Hoje, domingo, as livrarias estão todas abertas e lotadas, nem o frio assusta. Deixa eu andar...
Daqui já escrevi isso no Mafuá, para ler cliquem a seguir: http://mafuadohpa.blogspot.com.br/search?q=buenos+aires

sábado, 25 de julho de 2015

CHARGE ESCOLHIDA A DEDO (98)


O RACISMO ESTÁ EM TODOS OS LUGARES, HOJE MOSTROU SUA CARA NA FAAC UNESP BAURU

Existem uns poucos que ainda insistem em apregoar que o Brasil não é racista. Sempre o foi, não só racista, mas hoje também um tanto homofóbico, intransigente, excludente, ainda mais nesse exato momento onde forças reacionárias avançam nas ruas e dizem promover atos pela “democracia” (que é isso?), vestindo verde e amarelo e tudo o mais, mas juntando atrasos mil em suas atitudes e também muito ódio nas ventas. Um dos sinais mais do que evidentes desse claro retrocesso é quando alguns ficam clamando pela volta do regime militar. Bestialidades repetidas a todo instante, como no fato do sinal de continência que temos visto em alguns atletas dos Jogos Olímpicos. Na junção disso, alguns mais ousados, vendo bater um vento favorável, aproveitam e tascam o contrariamento que sentem com os diferentes deles estarem ocupando espaços antes só reservados a uns poucos, indicado pelos deuses e hoje, uma maior quantidade de pessoas. Os escritos nos banheiros da UNESP Bauru, evidentemente racistas não merecem só o repúdio, mas o escárnio amplo, geral e irrestrito. Conheço pessoalmente o professor Juarez Xavier, meu amigo e compro a briga por e com ele. Não fico mais perplexo com nada, pois sei onde piso e onde o país está se metendo com gente como Eduardo Cunha no comando da Câmara dos Deputados, um Judiciário cada vez mais penalizando um dos lados da questão corruptiva e isentando outro, com essas igrejas pregando abertamente o fim do estado laico e um quase clima de confronto se estabelecendo. Ou o país todo pisa no freio já ou gente como esses anônimos bestiais de banheiro vão a cada dia mostrar mais suas garras. Depois de tudo o que passamos em duras e suadas conquistas, não podemos baixar a guarda e aceitar como normal o que está se construindo no país nesse momento. O racismo decididamente, como o retrocesso que está se construindo hoje no país é uma grande MERDA. Tenho dito!
HPA

Leiam a NOTA DE REPÚDIO ÀS PICHAÇÕES RACISTAS NA UNESP:
Nesta semana, no banheiro do Departamento de Comunicação Social (DCSO) foram feitas pichações racistas contras as mulheres negras da instituição, os coletivos de jovens afrodescendentes e a mim, coordenador geral do Núcleo Negro UNESP para a Pesquisa e Extensão.
Repudio essa prática racista e covarde!
Essa ação consolida duas das principias propostas do Plano de Ação do Nupe. 1. Combater o racismo institucional, a exemplo do que fez a Universidade de Harvard, de debater as ações contra o racismo em todas as suas instâncias: áreas de ensino, pesquisa, extensão e gestão [órgãos colegiados locais e centrais, grupos de estudos e salas de aula, e 2. Organizar um Centro de Memória e de Registro sobre as práticas racistas na instituição, para o desenvolvimento de ações permanente antirracismo.
São medidas necessárias.
Primeiro: o ingresso de negras e negros na UNESP [funcionárias/funcionários, discentes e docentes] será crescente e abrangente, em todas as áreas e cursos, pelo fato de a universidade ter adotado uma política de inclusão, baseada nas cotas sociais e raciais, coisa que a USP e a Unicamp não fizeram.
Segundo: racismo é um crime inafiançável e imprescritível e, na medida em que os responsáveis forem identificados, eles deverão ser punidos, na forma de lei.
Terceiro: os Grupos de Trabalho (GT) do Nupe e os coletivos são realidades em oito campus e, mais tarde, em toda a universidade.
Quarto: na década do Afrodescendente [Resolução do da Plenária das Nações Unidas, entre 2015/2024] serão desenvolvidas ações no campo da educação, com impacto em toda comunidade acadêmica.
Hoje, no Departamento de Comunicação Social, membros do Coletivo Kimpa e a coordenação local do Nupe farão reunião de encaminhamento sobre as medidas que deverão ser tomadas.
Elas terão dois vetores: 1. Pedagógico: estamos em uma instituição de ensino e queremos qualificar o debate político contra o racismo. 2. Legal: foi cometido um crime contra o Estado Democrático de Direito e a população negra, e seus responsáveis responderão pelos seus atos.
Bauru, 24 de julho de 2015.
Prof. Dr. Juarez Tadeu de Paula Xavier
Coordenador Executivo do Núcleo Negro Unesp para a Pesquisa e Extensão


No Jornal da Cidade de hoje uma ampla matéria, inclusive com chamada na primeira página. Leia aqui: http://www.jcnet.com.br/…/inscricoes-racistas-sao-encontrad…
Obs.: as duas charges são de dois diletos amigos, o Pestana e Latuff.

ALFINETADA (135)


COMEÇAMOS HOJE COM OS TEXTOS D’O ALFINETE DE 2003
Alivissareira experiência no semanário de Pirajuí, áureos tempos de Marcelo Pavanato na direção e escrevinhações livres, leves e soltas.

Publicado Nº 201 – Adentrando um novíssimo ano – 04/01/2003
Publicado nº 202 – Caia você também no conto do vigário – 11/01/2003
Publicado nº 203 – Pra que time eu torço mesmo? – 16/01/2003
Publicado nº 204 – Que fazer com um conhecido jogado nas ruas? – 25/01/2003
Publicado nº 205 – Perguntas cujas respostas estão mais do que na cara – 01/02/2003
Publicado nº 206 – Um prefeito muito “louco” – 08/02/2003
Publicado nº 207 – Por que eu “ainda” não peguei no pé do Lula – 15/02/2003
Publicado nº 208 – Drops 6 – Histórias realmente acontecidas – 06/02/2003

sexta-feira, 24 de julho de 2015

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (85)


“RADAR INTELIGENTE NÃO PASSA DE ARAPUCA PARA LAÇAR POBRE”


A novidade da semana em Bauru é uma operação policial já dando muito que falar. Negativamente para o lado do povão, é claro. Começou assim como quem não quer nada, mas querendo e muito. É a tal “Radar inteligente”, feita com um aparelhinho, que ao ler a placa do veículo passando na rua revela todas suas entranhas, seus segredinhos são todos revelados, expostos em praça pública. Ou seja, em fração de segundos sabe-se tudo do carro, atrasos todos, desde IPVA, multas, licenciamento e o escambau. Tem quem esteja endeusando isso tudo, até como algo moralizador, rejuvenescedor de nossas ruas, Guardião, o super-herói bauruense anda é desconfiado de umas coisinhas e revela tudo a seguir.

“Tem cheiro de algo estranho no ar. Vejo Bauru toda cercada pelas tais operações envolvendo o tal RI – Radar Inteligente. Para mim poderia desde já receber outro nome, ALCAGUETE. Ontem ouço no Informa Som da 94FM, que nas marginais paulistana de Pinheiros e Tietê, de janeiro até junho desse ano já são mais de 300 mil multas. Isso só nas duas avenidas. Na rádio Auri-Verde, hora do almoço, uma senhora reclama dos abusos e diz estarem penalizando os pobres. É exatamente isso. Está mais do que claro, isso tudo é mais uma das tantas arapucas montadas para laçar pobre. Só param carro velho. Crise pelo ar, governador revendo seus planos arrecadatórios e rebaixando a Nota Fiscal Paulista e bolando sempre algo novo para aumentar o caixa. A ficha caiu. Claro, não daria para bolar aumento para os ricos, pois esses não pagariam mesmo, daí a grande sacada é penalizar mais um pouco o pobre, esse paga tudo”
, argumenta Guardião.

Nisso tudo, levanta a bola para algo mais e também envolvendo Bauru. “No caso bauruense, o grande Judas é a EMDURB, pois essa comprou os tais equipamentos e os doou para a Polícia Militar executar o serviço sujo. Estamos vendo a arrecadação do município e do Estado subir que é uma belezura. No JC de ontem, 23/7, na manchete a grande sacada até então oculta, ‘Um carro sem licenciamento a cada 5 minutos’. O pobre, já danado dos pés à cabeça, tendo seu meio de locomoção recolhido ao pátio, faz novos empréstimos, aumenta seu endividamento, quita tudo, entra cada vez mais no vermelho, mas ajuda o prefeito Rodrigo e o governador Alckmin a saírem dele. E a PM, como sempre, executora sem pestanejar, crava mais essa no costado do “zé povinho”, sem dó e piedade no coração do orçamento já depauperado dos desprovidos de grana. Expliquem como quiserem isso tudo, mas o tal do radar é mero caçador de pobre, descarado dedo duro e disso não tenho a menor dúvida”, encerra o papo Guardião e sai voando com seu potente e supersônico pelas vicinais, desvios, atalhos e becos (carro de super-herói paga IPVA?) que ele conhece muito bem.

Cheiro de coisa mandada no ar ou de como se resolvem perdas orçamentárias nesse país.
OBS.: Guardião é obra artística do traço do Leandro Gonçalez, com pitacos escrevinhatórios do mafuento HPA.

quinta-feira, 23 de julho de 2015

FRASES DE UM LIVRO LIDO (93)


“MENTE-ME QUE EU GOSTO”, A LEI DE REGULAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO NA ARGENTINA E AQUI NO BRASIL

O Brasil deixou a oportunidade escapar pelos vãos dos dedos (país tem mãos?). Lula quando eleito tinha a faca e o queijo na mão para promover a tão decantada Lei de Médios. Esse o nome na Argentina, que a aprovou, um dos louros do governo de Cristina Kirchner, a para nós, Lei de Democratização dos Meios de Comunicação. O que ocorre no Brasil é um brutal e sanguinário monopólio, onde cinco famílias dominam tudo e a informação chegando para quem dela se serve é a pior possível. Tendenciosa, mentirosa, elitista, autoritária e tudo o mais, vivemos tempos difíceis nas mãos desses. Perdemos o bonde da história. Hoje, Governo acuado, quase impossível levantar e levar adiante o tema. Leve-se em consideração que, mesmo para quem o fez, no caso da Argentina, a contra reação é também difícil, pois como ouvi certa vez de alguém: “Chegar ao governo é uma coisa, ao poder é outra”. O poder não aceita ver seus interesses diminuídos.

Escrevo abaixo de um livro, o “MENTIME QUE ME GUSTA”, do periodista argentino Victor Hugo Morales, para mim uma espécie de Mino Carta platino. Ele analisa o tratamento que o Clarín e o La Nación, dois jornalões de lá, espécie de Folha e Globo, deram para os fatos mais relevantes daquele país no último ano e meio. Como tudo parece estar acontecendo da mesmíssima forma por aqui, reúno frases ditas por ele em recente entrevista, para que comparem e tenham suas próprias conclusões. Um Victor Hugo autêntico, sem filtros:


- “Hoje já sabemos do que os médios são capazes de fazer para colocar um governo de pernas para ar e deixar louco um país”.
- “Em um lapso de um ano foram capazes de mentir tantas vezes, que daria para escrever 50 capítulos”.
- “Existe um comportamento de pessoas alucinadas. (...) Essa gente não está bem da cabeça”.
- “São pessoas com quem não se pode conversar, porque perderam a razão, o raciocínio lógico. O livro trata do acúmulo de mentiras sobre o qual trabalham para desqualificar tudo o que discordem e estão em desacordo com seus interesses”.
- “Deixo claro que existe também um LEITOR CÚMPLICE, UM TELESPECTADOR CÚMPLICE, que moralmente possui o mesmo perfil dos mentirosos dos meios de comunicação”.
- “Não existe maneira de mentir tanto o Clarín e o La Nación sem existir uma cumplicidade do leitor e do telespectador”.
- “Isso se sucede porque o leitor está desejoso de que lhes dêm argumentos a favor do seu pensamento. Se são certos, melhor, porém se são mentiras não importam. Para eles vale tudo para poder participar da discussão política atual”.
- “Se rompeu um contrato histórico entre os meios de comunicação e os leitores, espectadores e ouvintes. De um lado, os meios romperam o tácito contrato de não mentirem. De outro, os leitores romperam a responsabilidade da exigência da qualidade ante a evidência que possuem de que as mentiras são muito mais frequentes e não mais necessitam ser nem checadas pelos leitores”.
- “Ninguém que possa querer estar minimamente informado, que pretenda ser dono de uma boa moral ou de um bom sentido ético, pode aceitar passivamente o que dizem Clarín e La Nación”.
- “É de descabelar pensar que exista uma pessoa que, todavia registre um nível de desinformação tão alto como para ser permissivo com a mentira desses jornais”.
- “O que ocorreu com o La Nación é o maior despropósito editorial da Argentina em toda sua história. Eram respeitáveis porque falava claramente, posição clara. Estragou e jogou sua história na lata do lixo”.

- “Os diários nascem por ideologia. Hoje o que vale é mentir. Vale é multiplicar por oito a quantidade de pessoas que morrem na Argentina para acusar da existência de oito vezes mais homicídios. Vivem entre o ocultamento da verdade e a deslavada mentira. Todos os dias estou refutando suas mentiras”.
- “Para terem passado da perspectiva ideológica sobre uma informação para a mentira pura e simples quem está no meio é a Lei de Médios. Ela afetou diretamente o Clarín e seus espúrios interesses de poder”.
- “O jogo consiste na existência de um poder real, o do establishment. Esse poder real é o que maneja toda a vida e os aspectos de uma democracia, determinando as alternâncias conforme seus interesses. Quando no poder alguém que não vão os combater, não existem problemas. Quando se cansavam de um, colocavam outro. (...) Quando alguém mais independente decidiu enfrentar esse poder real nasceu a verdadeira história moderna da Argentina”.
- “Tenho com o atual governo muitíssimas discrepâncias e que são públicas. Permanentemente reprovo coisas desse Governo. Só porque defendi a Lei de Médios disseram que fui comprado e o que defendi foi a liberdade de imprensa. (...) O fato é que agora estamos todos mais preparados para saber como se dão as coisas”.
- “Agora sabemos com maior claridade as diferenças entre o poder real e o poder político, e o que representam os meios de comunicação, a capacidade das corporações para manejar o país e a obsessão que tem para fazê-lo. Este é um aprendizado que agradeço. Sinto que me fortaleceram, que me ajudaram a ser uma melhor pessoas e um melhor jornalista. É o aprendizado desses últimos seis anos, que é o período que dura mais ou menos um curso universitário. Todos temos a oportunidade de fazer uma extraordinária carreira com essa vivência tão elevada que se deu a partir da Lei de Médios”.


Quando terminei de ler a entrevista dada ao Página 12, publicada na edição de 07/07/2015, me vi diante de algo praticamente idêntico ao o que ocorre aqui no Brasil. A diferença é só uma, lá a tal Lei de Médios foi aprovada, aqui nem foi levada tão a sério pelos governantes. No mais, tudo a mesmíssima coisa, só mudando o endereço. Quero conhecer esse senhor pessoalmente na visita que faço agora a Argentina e trazer de lá autografado o seu livro.

OBS.: Livre tradução feita por esse ainda insipiente leitor em espanhol, mas acreditem, tentando melhorar. Na tira abaixo, Migeul Rep e como age a tal direita aliada aos jornalões daqui e dali.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

BEIRA DE ESTRADA (51)


‘O MURO DA FANECO’ VIRA UM TRABALHO ACADÊMICO DE FOLKCOMUNICAÇÃO

Meu olhar acadêmico possui um entrelaçamento com o que vejo, sinto e pulso nas ruas, principalmente as de Bauru. Outro dia mostrei aqui meu primeiro trabalho acadêmico, sobre a catadora de papel Hilda de Souza e o segundo, esse apresentado num Congresso de FolkComunicação em Cuiabá, Junho 2015, teve por tema “FONTES POPULARES: A INTERFACE FOLKCOMUNICATIVA NO MURO DA FANECO”, numa parceria minha, de uma colega DAÍRA MARTINS BOTELHO e nossa orientadora, a professora MARIA CRISTINA GOBBI. A escolha daquele muro não foi acaso, foi algo onde concilio o que vivencio pelas andanças e rolanças em Bauru, as amizades que faço nas quebradas do mundaréu e na mistura disso tudo, um pouco de mim e muito do que encontro. Tentei mostrar da importância desses meios alternativos comunicacionais, que muitos encontram após decepcionarem-se com os meios tradicionais e convencionais, sendo que muitos desses, na maioria das vezes não atende suas expectativas. Certo dia procurei a Faneco e lhe disse: Posso te retratar num artigo acadêmico?”. Ela consentiu e o resultado da primeira abordagem foi essa, com partes reproduzidas abaixo:

Resumo: “A partir de uma concisa revisão bibliográfica e do uso da história e da memória oral da protagonista, o presente artigo coloca em cena um espaço de intervenção sociocultural e político reconhecido na cidade de Bauru, interior de São Paulo. Nesse, verifica-se evidências de experiências de manifestações folkcomunicacionais espontâneas e criativas, em meios não convencionais, propondo a formação de patrimônio sociocultural. Trata-se do Muro da Faneco, como é conhecido na cidade, grafitado com escritos da moradora de um importante corredor viário de Bauru, rota de passagem diária de centenas de pessoas. Os escritos, atualizados com regularidade, convidam para reflexões acerca dos saberes populares, à luz de referenciais teóricos relacionados com memória oral, história política, a cultura e a folkcomunicação. O foco metodológico ocorre a partir do uso de técnicas de pesquisa de campo, incluindo interlocução, entrevistas, coleta e produção de material iconográfico/imagético.
Um dos objetivos ao trazer esse estudo foi ampliar o campo de análise e propor desdobramentos possíveis a partir de uma micro-história, tomando como princípio uma ação comunicativa aparentemente invisível perante a mídia hegemônica, que responde por uma suposta ‘história oficial’ dos acontecimentos da cidade. A busca da protagonista-social na construção de um discurso produzido, organizado e difundido dentro de possibilidades concretas, amparado em saberes populares, indica questões acerca da comunicação dos marginalizados, que instrumentaliza o objeto de estudo. O Muro, como local de comunicação, é valorizado, disputado e representa um espaço social relevante, provocando questionamentos que entretecem História, Memória Oral e Comunicação. Os saberes e a experiência presentes nos discursos folkcomunicativos reproduzidos no Muro são fontes reativas, formando um legado popular, que amparado na prática social, cultivam o patrimônio cultural.”

Entenda o que é FolkComunicação: “Um dos grandes campos de estudo da comunicação é a folkcomunicação. O termo vem a partir das pesquisas do jornalista, pesquisador e professor pernambucano Luiz Beltrão que ainda na década de 60 desenvolveu as primeiras pesquisas sobre o assunto. O pesquisador afirmava que a folkcomunicação era "o conjunto de procedimentos de intercâmbio de informações, idéias, opiniões e atitudes dos públicos marginalizados urbanos e rurais, através de agentes e de meios direta ou indiretamente ligados ao folclore. O professor Beltrão afiançava que a comunicação não se dava somente através da grande imprensa: televisão, rádio e cinema. Que a comunicação não se limitava somente aos que eram dominadores da arte erudita e da ciência acadêmica. Beltrão dizia que, as conversas nas portas de rua, na barbearia, no barzinho, nas manifestações folclóricas podem provocar uma ação uniforme e eficaz na comunicação. Para ele, todas essas linguagens, muitas vezes desprezadas por aqueles que se dizem de alta cultura demonstram uma expressão de pensar e sentir que em muitos casos podem estar na contracorrente das classes oficiais e dirigentes.
Quantas vezes ficamos mais bem informados sobre um assunto através de um cordel? Então a folkcomunicação pode se dar naquelas mensagens muitas vezes debochadas dentro dos banheiros, os famosos grafitos de banheiro; nos pára-lamas de caminhão através daquelas frases de amor, de ironia ou saudade; nas cruzes da beira da estrada indicando sem que ninguém pergunte, que ali morreu alguém, nos antigos almanaques, nos caixeiros viajantes que hoje são substituídos pelos vendedores porta a porta etc. É neste ponto que Beltrão afirma que a folkcomunicação é a comunicação dos marginalizados, ou seja, daqueles que estão à margem da grande mídia e precisam comunicar aos seus pares alguma informação. Então em 1967 Beltrão defendeu a tese: Folkcomunicação: um estudo dos agentes e dos meios pululares de informação de fatos e expressões de idéias. Logo, a folkcomunicação é uma teoria genuinamente brasileira. A única teoria brasileira da comunicação.”, Jacqueline Lima Dourado (jornalista, professora e mestre em comunicação pela UFRJ e a autora do livro Do Ex-voto à Indústria dos Milagres em parceria com José Marques de Melo e Maria Cristina Gobbi).

Daí, algo mais do texto do trabalho apresentado: “Há quase dez anos, Maria Inês Faneco faz do muro de sua casa uma intervenção folkcomunicacional em seu bairro (Vila Falcão) inscrevendo mensagens que ecoam por Bauru, cidade do interior de São Paulo. Em que outro lugar, senão na periferia, podem ser visualizados placas e cartazes variados pregados em muros, portões, janelas, postes e afins. O intuito é sempre o mesmo, o do produzir comunicação. São inúmeras as formas e maneiras distintas de comunicação presentes nestes espaços, grande parte baseadas na criatividade popular da transmissão de mensagens. Algo bem brasileiro e bem folk. (...)Situado numa posição geográfica de destaque na cidade, em rua de intenso movimento que liga vários bairros periféricos ao centro da cidade, o Muro da Faneco surgiu de forma espontânea e sem aspirações da visibilidade que conquistou.
Os escritos foram se sucedendo diante da receptividade da comunidade e da constatação de que o Muro tornou-se um meio de aproximação e uma forma de falar e se comunicar com a cidade como um todo. As ações também ganharam espaço. Não só na boca do povo, como na mídia tradicional, que passa a acompanhar os escritos no Muro da Faneco. (...) Podemos considerar como outro exemplo interessante de amplitude de ações da cultura popular o fato de um dos escritos ter sido utilizado como questão em um Vestibular da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O fato foi divulgado na primeira página do Jornal da Cidade. No momento do auge da epidemia da dengue (2013), no interior de São Paulo, especialmente na Região em torno de Bauru, rendeu muitos escritos no Muro. Outro exemplo interessante foi na campanha política de 2008, que foi proibida qualquer expressão gráfico-visual em apoio a candidatos. No entanto, o Muro da Faneco demonstrou opção pelo candidato a vereador do PT (Partido dos Trabalhadores) Roque Ferreira.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS: “Algo que começou de forma incipiente, como um modo de botar a boca no trombone, e dizer livremente o que não era permitido dizer via mídia massiva local, obteve visibilidade e alcance sociocultural inesperado. Os escritos foram sendo renovadas com maior periodicidade e até tornaram-se alvo de cobranças. Maria Inês Faneco, a idealizadora do Muro, uma audaz pipoqueira, divulga hoje não só o seu trabalho profissional, como diversas atividades locais. O Muro é ainda algo novo em termos de comunicação na cidade, mas que despontou e ganhou importância na vida da protagonista-social que, além do ganha-pão com o carrinho de pipoca, os cuidados com a mãe adoentada, passou também, a promover ações cidade afora. Reconhece que hoje ampliou sua consciência social e que o Muro não se presta para divulgar qualquer tipo de coisa. Sabe, a cada dia mais, bem escolher os temas do seu spray! Sendo as ações do Muro da Faneco claras manifestações dos processos de folkcomunicação e da genialidade da população marginalizada, que amparadas em espontaneidades conseguem transmitir informações utilizando a criatividade.”

Aqui trecho que foi escrito. Espero que a homenageada goste e em alguns outros momentos, penso em reaproveitá-lo com nova roupagem. A Faneco, como sabemos, merece um tratado sociológico, por tudo o que faz e representa. Mesmo sem o saber é condutora e assim sendo, figura exponencial nessa Bauru recheada de significativas pessoas, todas de uma linhagem parecida com a dela, forjada nas periferias e prontas para o que der e vier. Elas fazem e acontecem. A cidade possui essa pluralidade vislumbrada hoje por causa de gente como ela, sem medo de ser feliz. Viva Faneco!


OBS.: Faneco irá receber em breve uma cópia encadernada do texto, todo na íntegra, para guardar como recordação do que proporciona para Bauru. Esse trabalho é só uma delas.

terça-feira, 21 de julho de 2015

UMA MÚSICA (125)


O RÁDIO CONTINUA NAS PARADAS DE SUCESSO – O DE PILHA E O NO CELULAR
O convite foi inesperado e surgiu de um contato via facebook, feito por Rafael Peloso do SBT: “Te acompanho no face. Você não conhece alguém que ouve rádio para dar uma entrevista?”. “Eu ouço rádio o dia inteiro, de pilha, no carro, no computador e ainda só não o faço pelo celular”, lhe disse. Pronto, escolhemos um lugar, defronte a banca da Hilda, lá no verdadeiro aeroporto de Bauru, 15h e para fui levando meu amarelinho e convidando outro amante do AM, o bancário aposentado e hoje comentarista esportivo na 87 FM, Roberto Maldonado. A jornalista Andréia estava lá no horário combinado e tudo rolou mais ou menos assim:

HENRIQUE, O CARA DO RÁDIO DE PILHA AMARELO: “Eu acordo ouvindo rádio. Pela manhã, 6h20 por aí, ligo na 94 ou na 96, fuço os noticiários das FMs, mudo de estação, circulando com o rádio pela casa, do banho, para o café, depois para o computador. O de pilha circula comigo. Saio de casa e ligo o do carro, quando passa das 8h10, ligo na Unesp FM e fico ouvindo MPB. Já no mafuá ouço o Boechat na Band News RJ. Levo me rádio para o campo do Noroeste e só não o levo mais para a cama, debaixo do travesseiro, pois já fui ameaçado de ter ele jogado janela afora. As mulheres odeiam esse zum zum zum no ouvido. Vejo com preocupação o fim do espectro AM, pois não sei se o cara lá dos cafundós do mato dentro vai conseguir continuar ouvindo suas emissoras sem a utilização das ondas. FM tem curto alcance. E daí? Esse o xis da questão, no mais o rádio se renova. Já ouvimos muito do fim do rádio, primeiro quando da chegada da TV, depois do computador e hoje o rádio continua com a corda toda. Na periferia da cidade os programas da AM tem alta audiência. Vejo isso quando a Auri-Verde disponibiliza o ouvinte ao vivo e o telefone não para de tocar e a maioria são de telefones fixos. Na rádio só me recuso a ouvir essa desoladora pregação religiosa, no mais, quase tudo”.

MALDONADO, O CARA DO RÁDIO NO CELULAR: “Hoje todo mundo possui celular, desde os mais abastados aos mais simples. Os da cidade e também o pessoal do campo. Eu ainda tenho meus rádios de pilha, mas quase não uso mais. Hoje aprendi a me utilizar dos recursos do celular e ali tem tudo. Acredito que essas pessoas mais simples vão acompanhar esses avanços tecnológicos, talvez tenham um pouco de dificuldade no começo, mas logo estarão ouvindo pelo celular, baixando esses aplicativos todos. Enquanto estou aqui, acabo de postar uma foto lá na rádio onde falo, a 87, de uma ocorrência na cidade e eles já falaram dela no ar. Olha o avanço, não uso nem mais o telefone, fiz pelo canal interno, sem custo de ligação e o rádio ligado. Ouço também os noticiários, o futebol e também música sertaneja. Estou até mais tempo plugado hoje que antes. A programação das rádios AMs, hoje estão mais parecidas com as das FMs, narram jogos, tem noticiários e não só música. Isso tudo já é dessa transição que estamos vivendo e aprendendo junto com ela”.

Por fim, a jornalista explica dos motivos da pauta: “Foi feita uma novas pesquisa e nela algo sobre a audiência renovada do rádio, renovada e ampliada. Daí o interesse de tratar do tema”. E para encerrar tudo com chave de ouro, uma que devo pedir para meu amigo Wellington Leite tocar pra mim amanhã cedo no Manhã Popular Brasileira, rádio Unesp FM, a ESSA É PRA TOCAR NO RÁDIO (Gilberto Gil): “Essa é pra tocar no rádio/ Essa é pra tocar no rádio/ Essa é pra vencer o tédio/ Quando pintar/ Essa é um santo remédio/ Pro mau humor/ Essa é pro chofer de táxi/ Não cochilar/ Essa é pro querido ouvinte/ Do interior./ Essa é pra tocar no rádio/ Essa é pra tocar no rádio./ Essa é pra sair de casa/ Pra trabalhar/ Essa é pro rapaz da loja/ Transar melhor/ Essa é pra depois do almoço/ Moço do bar/ Essa é pra moça dengosa/ Fazer amor/ Essa é pra tocar no rádio/ Essa é pra tocar no rádio”.

Link: http://www.vagalume.com.br/…/essa-e-pra-tocar-no-radio.html…
PS.: esse rádio amarelo era do meu sogro carioca, Zé Pereira, herdei o bitelo...

segunda-feira, 20 de julho de 2015

BAURU POR AÍ (116)


JUNTANDO MIUDEZAS (OU GRANDIOSIDADES?) NO INÍCIO DE MAIS UMA SEMANA...

1.) AS IMAGENS QUE MUDAM O MUNDO...
Cliquem a seguir antes de ler o texto abaixo: http://www.bbc.com/news/world-europe-33591332
Congresso/Conferência da FIFA, o atual presidente Blatter, envolvidíssimo até a medula e que dizia até dias atrás que renunciaria ao seu cargo, não o fez e tenta com um novo golpe continuar no poder. Os dirigentes das entidades nacionais do mundo vão para lá votar e ouvi-lo, saber do futuro do mundo da bola. O do Brasil, Del Nero não vai por um simples motivo, medo de ficar por lá preso, detido como Marin. Já dizia meu finado avô: "Quem tem tem medo". A reação desse jovem diante da imprensa do mundo todo é a mesma que devemos ter diante desses dirigentes de nosso quarteirão, bairro, cidade, estado, país e os mandarins do mundo quando em desacordo com um mínimo de bom senso. O mundo capitalista perdeu a vergonha na cara e cada vez mais prega o poder de uns poucos sobre os demais, um poder oligarquico, onde os ricos podem cada vez mais tudo e pobres cada vez menos. A reação tem que ser essa mesma, constrangê-los ao máximo, deixá-los todos numa situação vexatória, seja o cara do chorume aqui, o que quer fazer o Mercadão na Estação da NOB e não no abandonado defronte a Feira do Rolo, o governador que rebaixa o percentual do Nota Fiscal Paulista, o colunista do InformaSom que aprova e diz para as entidades se prepararem, pois tudo pode terminar. Faz a crítica aos que se beneficiam, nunca ao que cria a coisa e depois volta atrás, acaba com tudo, desde isso, Casas de Cultura e tudo o mais. Basta de Eduardos Cunhas fazerem tudo da pior forma possível, desses partidos todos, desde um que um dia confiei a todos os outros, sem tirar nem por, todos enlameados e fazendo o jogo da barganha ou da sustentação, da sobrevivência dentro desse cruel estado de coisas onde o capitalismo desagua hoje suas fezes. Pessoas como esse jovem da foto não podem mais praticar seus atos isoladamente e sim, em grupo, mais e mais gente afrontar esses detratores da vida humana, inviabilizadores do bem estar social, da vida coletiva.
Que atitude teria, simples zé mané e diante da possibilidade de me encontrar, por exemplo com Angela Merkel? Faria o mesmo que esse jovem, teria a mesma atitude, a mesma reação, o mesmo grito irado, pois o que acabou de fazer com a Grécia é próprio da degradação da raça humana. A proposta de agora em diante é desconsertar cada vez os tais poderosos de plantão, estejam onde estiverem e sejam eles quem forem, o de minha aldeia, os que um dia estiveram do meu lado, os que nos apunhalam mesmo se dizendo amigos e os declaradamente surrupiadores e gananciosos ladravazes de grana, os que endeusam o "deus dinheiro", como acima de tudo e todos. A minha homenagem da semana vai para esse jovem aí do vídeo pela coragem. A cena pode e deve ser repetida daqui por diante, mais e mais.

2.) O MIÓ FECHOU
Quer coisa mais triste para um final de semana que o fechamento da casa de amigos do outro lado de balcão? O Mió - Restaurante dos amigos Milton Epstein e Ozéias Correia fecha definitivamente suas portas e lá na frente, passando pela manhã pela rua vejo uma placa indicando que tudo é irreversível: o prédio está à venda. Triste e mais triste por saber que ficamos sem as deliciosas polentas e a casa fecha as portas com um bom movimento. Vida que segue...

3.) VISITA ILUSTRE E GANHO UM PRESENTE
Fiz aniversário em junho e hoje ganho mais um presente. A professora que tanto admiro, Vera Lucia Tamião veio me visitar e confabulamos no portão do mafuá (fico tão desconsertado que nem a convido para entrar). Por fim algo além da conversa (que já era um baita de um presente), veio me trazer um mimo, um livrão, um catatau que queria tanto ler, o "BRASIL: UMA BIOGRAFIA", obra recém lançada pela Cia das Letras, autoria das historiadoras Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling, uma espécie de biografia não autorizada desse intrépido Brasil. Vou mergulhar na leitura em breve, não agora, pois com meu mestrado em plena ebulição, outras me aguardam com mais urgência. Mas já na espiada inicial, na apresentação uma frase de Guimarães Rosa me chama muito a atenção: "O livro pode valer pelo mundo que nele não deveu caber". Escrevo tanto e deixo tanta coisa de fora. E esse país precisando de tanta inclusão, revisão e conexão. Vera é um amor de pessoa e me fez a seguinte dedicatória: "Para você amigo Henrique, em retribuição a sua amizade e cumplicidade, sempre". Babei e tasquei-lhe um baita abracito no meio da calçada. Fico um bocadinho mais apaixonado por ela, mas nem sei como isso será possível, pois já possuia morada mais que certeira em meu coração. Tentei fazer um selfie com ela e acho que o resultado foi satisfatório. Viva Vera!

4.) COMO MEUS AMIGOS ME ADORAM: 
“PENSAMENTO DO DIA - VOLTANDO ESTAVA DO CENTRO DA CIDADE, VINDO PELA DUQUE DA CAXIAS, QUANDO TIVE QUE PARAR DEVIDO AO FECHAMENTO DO SEMÁFORO. PARADO ESTAVA, QUANDO UM ANCIÃO ATRAVESSAVA A AVENIDA, TODO PARAMENTADO COM SUA BOINA BEGE. ISSO SE DEU POR VOLTA DAS 14h30min. CHAMEI-O, MAS SUA AUDIÇÃO NÃO FOI CAPAZ DE PERCEBER MINHA VOZ. CERTAMENTE DEVIDO AO AVANÇADO DA IDADE. ESTÁ PERDOADO SENHOR Henrique Perazzi de Aquino. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKK”, Oscar Fernandes da Cunha, professor e amigo desse HPA. Eis minha singela resposta para ele: "Chego em casa leio isso e vou até o banheiro limpar meus ouvidos. Lá se foram seis cotonetes, três para cada ouvido. Dá próxima vez não precisará gritar"
.
5.) UMA HISTORINHA PARA ENCERRAR O DIA E DESLIGAR O COMPUTADOR
Meu amigo do peito, Marcos Paulo Resende é o dito Comunista em Ação e só anda nas ruas (e nas lutas) com suas surradas camisetas vermelhas com símbolos como Che, Foice e Martelo, URSS, Mao, etc. Circulando pelas ruas é abordado por um senhor, mesmo não o conhecendo e esse faz questão de lhe dizer naquele tom recheado de muito ódio: "Você deve estar contente, pois o país está caminhando a passos largos para o Comunismo, né?". Marcão não se dá mais ao cuidado de discutir com quem enxerga comunismo nos governos petistas e em ações sociais como Mais Médicos, Bolsa Família ou qualquer outro. Sabe que o ódio reinante impede até o raciocínio, daí vira para o cidadão e simplesmente lhe responde com cara de bravo: "Sim, estamos e sua casa certamente será uma das primeiras que iremos expropriar pela causa e suas filhas serão todas tornadas escravas sexuais para nosso usufruto". Virou as costas e deixou o estático senhor de boca aberta (e babando) no meio da rua.

domingo, 19 de julho de 2015

MEMÓRIA ORAL (184)

AS HISTÓRIAS DE CLÁUDIA, NANA, JESUS, ADILSON E BAZAN

01.) CLÁUDIA SANCHEZ REVENDE FRUTAS E LEGUMES NUMA ESQUINA DO BELA VISTA
Impossível, pelo menos para mim, passar numa rua ver algo diferente ocorrendo por ali e não querer ir assuntar do que se trata. Esses criativos personagens da cena urbana bauruense que, diante da impossibilidade de arrumar um emprego, acabam criando um e deles fazem a origem de seus rendimentos merecem todo o destaque desse mundo. Quando vejo alguém assim, bolando possibilidades, quero logo ir papear, conhecer um pouco mais de cada caso e em cada nova situação, a certeza dessa resistência que a rua demonstra, escancara diante de nossos olhos. Isso tudo é um bocadinho do que verdadeiramente se passa nas ruas brasileiras.

CLÁUDIA SANCHEZ aos 39 anos de vida revende na esquina das ruas Francisco Alves com Alto Acre, bem no coração do Bela Vista, movimentado cruzamento viário da cidade, numa banquinha montada sob tijolos e com uma tábua colocada em cima, frutas e legumes variados, desde ovos caipira, laranja, mandioca, mexerica, maracujá, poncã e em algumas ocasiões até frango. Ela e seu marido, o Josino Correia, 44 anos, casadinhos há dois anos, saem diariamente de onde moram, lá nos altos da avenida Cruzeiro do Sul, do outro lado da cidade, passam pelo Ceasa e escolhem os produtos do dia e montam juntos a banca. Durante boa parte do dia ficam ali juntos, ou se dividem com outro ponto, uma pequena quitanda na rua Alves Seabra, quadra 8, mas a labuta é de segunda a sábado, faça sol ou chuva. Quando lhe pergunto da clientela, ela assim me responde: “Todos nos adoram, temos muito clientes fixos e até fazem encomendas. Eu já faz dois anos que estou aqui e ele, um pouco mais, pois quando o conheci já vendia frutas em bancas. Acabamos casando e ajudo ele”. Sentadinha num banco logo atrás da improvisada banca ou papeando com os vizinhos do portão do lado, assim ela passa as horas do dia, num levanta e senta danado, pois movimento eles já conquistaram e já pensam em ampliar mais e mais o pequeno negócio. São empreendedores.

2.) NANA É A PORTEIRA DE FESTA ESTUDANTIL “MAIS MAIS” DA CIDADE
Escrever sobre os tantos trabalhadores da noite é algo inebriante, pois muitos vivem de profissões as mais inusitadas e fazem daquilo não só o seu ganha pão, como o algo mais de suas vidas. Encantador ir descobrindo histórias e relatos de personagens vitais em alguns lugares, como a personagem dessa escrevinhação de hoje, pois sem ela festa nenhuma em local universitário ocorreria sem problemas e os naturais percalços. E sempre por detrás de cada pessoa, cada um ali trabalhando e suando a camisa para que tudo saia da melhor forma possível. São os imprencindíveis. Aprendi a gostar dessa pessoa assim do nada, observando seu trabalho num dia desses e hoje ela virou objeto do meu escrito e além disso, nos tornamos amigos.

SUZANA MARIA OLIVEIRA, 30 anos é uma pessoa desconhecida do munds estudantil, principalmente lá dos da Unesp, mas se perguntarem por lá de uma tal de NANA, que trabalha em 99,9% das festas universitárias como porteira e resolvedora de assuntos aleatórios de todos esses eventos, todos a conhecem. Se escrever que ela é “pau para toda obra”, pode ser que ela não goste, mas como já atua desde os 20 anos no mesmo ofício, ganhou não só a simpatia, como a confiança de tudo e todos. Ela sabe se impor e não deixa dúvidas que está ali na entrada para respeitar e ser respeitada, sendo também conselheira e em casos de extrema necessidade, chega a ter que bater em alguns. “Bato só em caso de extrema necessidade, quando ultrapassam todos os limites. Já fui muito de falar pouco e bater muito, mas aprendi. Hoje me imponho de outra forma, pela amizade e dessa forma toco minha vida. O grande problema de uma festa não são os que estão dentro, mas os que estão fora e querem entrar de penetra, são os chamados ‘Povo X’, os estranhos”, conta Nana, muito consersadeira e tendo sua agenda praticamemente lotada durante quase todo o ano letivo, pois festa da Unesp sem ela deixa de ser uma verdadeira festa unespeiana. Mora lá no Gasparini desde muito tempo, leva sua vida do jeito que gosta, encontrou algo onde se sente bem e segue em frente, com alguns detalhinhos mais diferenciando o que faz: “Nunca levei calote. Eles, os estudantes sabem que faço bem feito meu serviço. Estou sendo de boa e pra me ver de cara feia é por estar muito abusada, aí é bom sair até de perto”. Nana resolve as paradas todas, a maioria numa boa.

3.) JOSÉ DIAS É O JESUS, OPERÁRIO DOS BASTIDORES CULTURAIS DO MUNICÍPIO
Alguma fotos me fazem dar aquela parada na circulada rápida que faço pelas páginas faceboquianas nos últimos tempos. Com movimentos rápidos, percorro as postagens num soslaio, quase nem dando tempo para uma breve corrida de olhos. Algumas me chamam a atenção e daí paro tudo e leio, olho com mais atenção. Dia desses vi uma foto de uma pessoa com um cabrito e fui ver de quem era, era de um baita conhecido, figura humana pra lá de considerável, simples até a medula e dele quero extrair umas poucas palavrinhas para alegrar essa quinta friorenta e chuvosa.

JOSÉ DIAS, esse seu nome no facebook, mesmo tendo-o conhecido até então como JESUS, uma espécie de faz tudo nos bastidores do projeto Ferrovia para Todos, o que movimentou (está um tanto estacionado) a famosa composição férrea com a Maria Fumaça nos trilhos urbanos bauruenses. O via fazendo de tudo nos bastidores do projeto, desde reparos nos carros férreos, manutenção em suas peças, como ajudar a recepcionar as pessoas nas viagens e até na monitoria. Hoje, quando o trem está criando teia de aranha, com impedimentos mil advindos da concessionária ALL (para tristeza de toda uma cidade), Jesus (como sempre o chamarei) deve continuar aprontando das suas nos bastidores da Cultura Municipal, daqual é servidor. O guapo entende de tudo um pouco, desde marcenaria, pintura, serralheria, construção e algo do qual é a sapiência em pessoa, o benfazejo de saber criar e cativar amizades. Fala mansa, sempre sorridente, de bem com a vida, mesmo nas baitas adversidades, esse Jesus não se deixa crucificar facilmente, pois sabe ir contornando as adversidades. No seu lado família deve ser a mesma coisa, proseador e conciliador. Um desses que, impossível ao revê-lo não parar tudo e ir lá lhe tascar um abraço. Jesus é mesmo sem o saber e o querer, a cara da simplicidade e de da sinceridade. Matuto ponta fina.

4.) ADILSON TALON, DE CARPINTEIRO DE MÃO CHEIA PARA ENTENDIDO EM GRANEL
Quer profissão das mais dignas do que saber atender? Tão gostoso ser bem atendido, pessoas que sabem conduzir uma venda com aquela atenção de quem realmente gosta do que faz. Para se especializar em algo, não se faz necessário grandes arroubos. Simplesmente não menosprezar a pessoa diante de si, ouví-la já é um bom passo. A importância desses que se especializam nas suas, cheios de boas habilidades pessoais e daí isso exposto assim de graça no relacionamento com o próximo. Curto muito isso e quando encontro alguém assim a gente até se distrai e passa a conversar mais do que devia. E a fila crescendo do outro lado.

ADILSON TALON coloca todo seu conhecimento hoje para atender bens os clientes do Empório Barres, um dos que oferecem produtos a granel no centro de Bauru. Aos 62 anos se reinventou e hoje, sem nenhum tipo de problema é um dos atendentes no local, detrás do balcão e pronto para prestar informações pormenorizadas sobre qualquer produto ali vendido. Passou a maior parte de sua vida num ofício aprendido desde garoto, como carpinteiro, sendo sua especialidade, a de acabamento, desde tacos, assoalhos, escadas ou lambris. Fazia de tudo, mas com o tempo, a madeira de lei passou a ser um problemão, pela escassez e a partir daí não mais um bom negócio. Mudou de ramo e passou seis anos trabalhando na lanchonete Kent Café, na rua 1º de Agosto. Conheceu muita gente ali no centro da cidade e hoje faz um ano que está no novo emprego, cheio de gás e saindo diariamente do Mary Dota, onde mora com a esposa para fazer o que gosta. “Aqui tem uma clientela das mais dinâmicas que já vi na vida. Passam gente de tudo quanto é faixa etária e ninguém mal humorado. Impossível não atender feliz, passar e receber isso das pessoas”, diz. Avô coruja, com dois netos, Talon fez aniversário ontem e comemorou a data no local de trabalho, seguindo sempre em frente.

5.) ANDRÉ BAZAN É UM ILUMINADO ILUMINADOR
Iluminadas pessoas, como é bom escrever delas e desvendar algumas de suas histórias. Essas pessoas parecem flanar na vida, mas na verdade, no fluir das pedras, ralam tanto como as demais, mas pelo jeitão malemolente como prosseguem suas caminhadas, meio que despreocupadamente, parecem viverem isentas de problemas. Quem dera! Mas que é gostoso e precioso saber não levar a vida assim tão asério, contornar os percalços sempre com um ânimo renovado, uma galhardia exclusiva, isso não existe a menor dúvida. Atuações com esse espírito merecem destaque, uma nota a mais e é isso que procuro fazer com esse escrito. Resgatar um bocadinho só de alguém que, sabe rir disso tudo, inclusive de sua própria condição. Esse parecem viverem mais.

ANDRÉ BAZAN já foi funcionário público municipal na área da Cultura. Foi quando conquistou pouco a pouco o reconhecimento hoje alcançado no quesito Iluminador teatral. Atuou por mais de uma década junto ao Teatro Municipal, galgando passo a passo (ou seria degrau a degrau?), sempre nos bastidores de peças, shows e eventos variados. Não chegou pronto, mas conseguiu sair de lá escolado e bem preparado, algo complementado pelos estudos lá na FAAC. Morou uma boa época na rua 1º de Agosto (época de solteirice, hoje casado), junto da padaria Nossa Senhora Aparecida, numa república das mais democráticas e alvissareiras e de lá saia para acender a certeira luz para tudo o que ocorria nas hostes envolvendo a Cultura. Deitou logo muito fama, pois mesmo com esse jeito bonachão, largadão, sempre soube muito bem se posicionar, tornando seu nome, se não o melhor, um dos dentre os grandões nesse refinado segmento. Com o funcionamento da TV Unesp, passou num concurso e deu prosseguimento a de iluminador e também de cinegrafista, mudando o foco, agora para tudo quanto é tipo de matéria jornalística lá na TV da universidade. Vez ou outra, atendendo a convites irrecusáveis, irresistíveis e incontornáveis, desses onde é praticamente impossível dizer “não”, lá está Bazan metido com suas luzes e cores. Um ser muito bem iluminado e cheio de encantos mil, pudera com um dos sorrisos mais marotos dessa terrinha, o gajo faz um sucesso danado por onde ande. E olhe que andar é com ele mesmo. Xodó de atividades culturais, considerado e atento, segue sempre adiante, galgando e conquistando sempre mais. Uma peculiaridade, uma risada conhecida a quilômetros de distância, uma de suas marcas registradas.

sábado, 18 de julho de 2015

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (119)


AS HISTÓRIAS E ALGUMAS DECEPÇÕES DE ZANELO – A AJUDA AO PRÓXIMO
Luís Gomes da Silva, 63 anos, o popular fotógrafo ZANELO vivendo do ofício de freelancer, sempre da arte fotográfica e até mesmo de alguma cantoria feita em duplas sertanejas e apresentações pela aí, além de prestar serviço em programas radiofônicos. Um mambembe no cenário bauruense. Pedi para ele passar aqui pelo mafuá e me contar em detalhes algo de algumas de suas inconclusas (e qual terminamos?) histórias. A das tantas vezes em que para tudo e se volta a praticar alguma ação social em prol de algo no qual entende pode ajudar, dar o seu quinhão de mão estendida. Estava um pouco confuso e trocamos confabulações, agora compartilhadas com tudo, todas e todos. Não diferem muito das minhas e de tantos outros.

Certa feita encontrou um mendigo na rua Gustavo esquina com Rodrigues, muito sujo, casco nas mãos, pele grossa e puxando conversa, descobre algo mais dele. “Alguma coisa me diz que você já foi atleta ou participou de algum esporte? Sim, ele me disse ter caído nesse mundo das ruas por causa das drogas. Quando criança sonhava ser jogador e conseguiu se aproximar do sonho, foi ser gandula e aprovado numa peneira dentre tantos meninos. Ficou num alojamento para fazer exame médico e na sequência, uma noite antes, aceita um convite para sair na rua e se divertir. Encontrou umas pessoas erradas e consumiu drogas. Perceberam isso, que estava jogando sob efeito de drogas e me dispensaram, quando tinha tudo para prosseguir carreira. Tinha perdido minha mãe, sabia que a bola mudaria minha vida, mas fui fraco e fiquei sem rumo, perdi tudo, comecei a viver na rua”, conta.

Conta mais. “Eu o encontrei na rua naquele dia e disse que iria ajudá-lo. Propus a ele arrumar um kit com objetos pessoais para dar uma nova roupagem nele. Devido ao estado em que se encontrava ninguém abriu as portas para fazer sua higiene, pois tinham medo de serem contaminados. Igrejas, postos de combustível, ninguém emprestou sequer água de mangueira. Uma escola de aprendizagem de corte de cabelo, duas quadras para cima da Rodrigues, ali na Antonio Alves de inicio recusou, mas devido a minha insistência aceitaram se eu fizesse a guarda dos minutos em que ele estivesse tomando banho. Após tudo feito, foi motivo de aplauso por todos, pois ele saiu impecável, limpo. Fiz isso, ele recebeu um kit de roupas, a própria escola contribuiu com mais. Saiu de lá vangloriado, mas não consegui mais que isso e continuou nas ruas”.

A sua decepção ocorre depois disso, alguns dias após. “A minha intenção era arrumar sua documentação e fazer algo mais para tirá-lo da rua. Dias depois o encontrei na mesma situação de antes, sujo e sem aquelas roupas, nada do que havia lhe arrumado estava mais com ele. Voltou ao convívio da rua. Ele foi roubado em todas suas coisas e estava só com a do corpo. Perguntei por que não quis dar prosseguimento na minha proposta de lhe ajudar? Ele deu a entender que se ficasse como antes seria melhor, pois continuaria recebendo doações das pessoas e que, na convivência das ruas a lei é sempre a do mais forte. O mais forte toma do mais fraco, foi o que aconteceu com ele. Havia tirado até fotos três por quatro dele, mas não quis que fosse regularizar seus documentos. Nem sequer me deu o nome, só contou sua história de vida, sofrida, dolorosa, mas mesmo propondo levá-lo a algumas instituições onde tinha feito contato, recusou tudo e preferiu continuar vivendo sujo e nas ruas.”

“Tentei ajudar outro cidadão e só de conversar com ele, para primeiro conhecer a sua história e depois ver como podia ajudar, ele se afastou me dizendo que o estava prejudicando, pois perdia tempo comigo, enquanto poderia continuar pedindo e ganharia mais com isso. Estávamos defronte a ITE, ele todo sujo, degradado, barba toda grudenta e só de bater os olhos vi que havia tido outra vida, que veio para as ruas por causa de algum motivo e me propus a ajudar, mas ele recusava, rejeitava minha presença. Não queria reviver seu passado, algo querendo esquecer, talvez por algo feito e com sua identificação poderia ser reconhecido e isso lhe causaria problemas. Mais um que preferiu continuar vivendo nas ruas, mesmo também tendo ido procurar lugar para seu abrigo. Se a gente for analisar o ser humano, como tem desigualdade, fico surpreso e somos felizes e não sabemos. Quero fazer boas ações, mas as vezes ocorrem barreiras. Vejo essas situações e quero fazer o bem, mas não sei muito bem lidar com isso tudo”, continua me contando.

“Se eu ver alguma coisa nas ruas, eu passando com minha moto eu continuo me tocando, paro e vou conversar, ver no que posso ajudar. Chego a doar algo meu para fazer a pessoa feliz. Doei outro dia um paletó, dos únicos que tenho e para uma pessoa se sentir mais feliz, poder com ele ir para sua igreja. Não vou parar, são coisas minhas que me incomodam e não falo para ninguém, mas como você se interessou e tocou no meu coração estou falando. Queria poder compreender mais o ser humano, entender de alguns motivos que o levam a fazer algo e abandonar outros. Estendo minha mão, faço o que posso, mas algumas vezes chego a achar que faço de forma não muito certa. Mas qual a forma certa? Vejo alguém com necessidades, isso me toca profundamente e não consigo me manter indiferente, passar por eles e sem ao menos tentar fazer algo. Algumas vezes me coloco no lugar deles e daí quero fazer algo, mas nem sempre consigo”, concluiu.

Conversamos muito. Parei o que fazia, trocamos longa conversa. Eu, aqui onde fico boa parte do dia, beirada dos trilhos hoje praticamente abandonados, centro velho deteriorado, albergue e rodoviária, passo pelos mesmos problemas. Infinidade de gente circulando sem eira nem beira nas imediações. Muitos batem no portão, atendo, ouço, faço algo e depois, voltam e voltam, como se ali estivesse um porto seguro. Essa repetição, esse contínuo retorno me incomoda, não por não querer ajuda-los, mas por não saber como e não ter recursos suficientes para fazê-lo a contento. E o que fazer diante desses todos que rotineiramente voltam buscando algo mais de ti? Como não maltratá-los mais do que já o são? Zanelo não os ignoras, muito menos eu, mas somos parte dessa engrenagem esmagando o ser humano, dilacerando relações e pouco sabemos de como tratar adequadamente isso tudo. Acreditamos fazer o certo, mas o que é o certo e o errado? Não sabemos direito, mas enquanto isso, continuamos fazendo algo, mesmo sendo pouco demais, insignificante e até não ajude em nada para a solução do problema maior. Eu e Zanelo estamos um pouco perdidos diante desse imbróglio.