domingo, 31 de julho de 2011

UM COMENTÁRIO QUALQUER (86)

EU VOLTEI, AGORA PRA FICAR..., MAS UM CARRO OCUPA MINHA VAGA DE IDOSO
Fiquei uma semana fora de Bauru. Voltei hoje, por volta das 12h. Entro pela Nações Unidas e a vejo lotada de gente, uma festa bonita de ser vista por quem estava numa janelinha de um carro a descer a nossa mais famosa avenida. Tendas espalhadas pelo local, carros das Forças Armadas sendo monitorados por populares, um festival de pipas no ar, um imenso palco montado sob a grama do parque e shows variados, um atrás do outro. Povo na rua. Coisa bonita de ser vista. Não paro, cansado queria ver os meus, estar com eles e despejar as malas sob uma cama, tentando recolocar tudo no seu devido lugar. Tentei fazer isso desde o momento em que cheguei e nada sei, vi ou posso escrever sobre as festividades. Estou enfurnado dentro de casa, vendo TV, organizando tudo o que trouxe, lendo os jornais desses dias passados fora e amanhã, quando tudo estiver de uma certa forma mais organizado dentro da minha cabeça, volto a dar uns pitacos aqui e ali. Hoje, quero ficar no meu canto, curtir minha casa e tudo o que consegui arrebanhar de quinquilharia numa viagem cheia de prazer e contentamento. Depois também destrincho um pouco de tudo o que vi, ouvi e participei. Hoje não. Deixo quatro fotos de gente e lugares marcantes para mim nesses dias (o menino uruguaio feliz da vida, a placa de um açougue argentino, uma banca de jornais visitada todos os dias e os dizeres da camiseta do filho). Minha cabeça continua fora de fuso, de sintonia e num dial diferente. Tanto que ao agradecer o frentista do posto após me colocar combustível no carro, disse a ele: "Gracias". Em alguns dias devo voltar ao normal. E ao abrir hoje minha caixa de e-mails, uma foto parece estar revirando a bilis da cidade pelo avesso. Dois veículos da Prefeitura Municipal ocupando vagas de Idoso e Deficiente, ali no Vitória Régia. Uma foto de Ricardo Barreira, o do Umbanda Fest distribuída via internet, está fazendo todos darem sua opinião a respeito do suposto abuso. Via isso aqui quase todos os dias antes de viajar, uma semana atrás e hoje, ao voltar vejo todos indignados, consternação geral. Para mim, que não considero isso novidade, só a repetição de algo comum diante de tantos desrespeitos muito mais horripilantes e dantescos, deixo a pergunta: "Só hoje descobriram isso?". Vamos à festa e não queiramos penalizar só os dois motoristas, pois quem nunca cometeu um deslize desse tipo que atire a primeira pedra... Nunca ninguém aí tirou um proveitosinho sequer de alguma situação dessas? Esqueceram todos que vivemos no mundo do tudo é possível.

sábado, 30 de julho de 2011

FRASES DE UM LIVRO LIDO (50)

“UM LONGO SONHO DO FUTURO”, LIMA BARRETO
Esse livrão a resumir um “diário, cartas, entrevistas e confissões diversas”, como tudo na vida de Lima Barreto foi escrito a fórceps, com as vísceras de fora. Reúne os escritos dele no início dos anos 1900 e lendo-os hoje, estão mais atualizados do que nunca. Sempre fui um dos maiores admiradores da obra desse sofrido escritor, negro, pobre, avariado pela intempéries vividas e com um ardor vigoroso na ponta da caneta. Quande estou precisando me recarregar, vou em busca de seus escritos, como nesse sábado, onde vi três países, sai da Argentina, passei pelo Uruguai e voltei ao Brasil, observando que em todos, a tirania de uns poucos predominam sobre os da maioria. A edição que li é da editora Graphia RJ, 1993, 408 páginas:

- “Os protetores são os piores tiranos”.
- “Ainda e sempre: sem dinheiro”.
- “Até que ponto um crítico tem o direito de, a pretexto de crítica, injuriá-lo?”.
- “A capacidade mental dos negros é discutida a priori e a dos brancos, a posteriori”. - “Se a feição, o peso, a forma do crânio nada denota quanto a inteligência e vigor mental entre indivíduos da raça branca, por que excomungará o negro?”.
- “As repartições são como a vida em geral – amam os medíocres”.
- “Não quero morrer, quero outra vida, queria escrever o que vivi, mesmo talvez com perdas de certas boas qualidades que tenho, mas queria que ela fosse plácida, serena, medíocre e pacífica, como a de todos”.
- “Nunca se viu tanta atonia, tanta falta de iniciativa e autonomia intelectual. É um rebanho de Panúrgio, que só quer ver o doutor em tudo, ...quanto mais os doutores se desmoralizam pela sua ignorância e voracidade de empregos”. - “... não se vê nosso fetichismo pelo título universitário que aqui se transformou em título nobiliárquico”.
- “Ora, a lei! Que burla! Que trabuco para saquear os fracos e os ingênuos...”.
- “Praticamos a imbecilidade de ser honestos num país onde só a crapulidade dá dinheiro”.
- “Todos nós que escrevemos que queremos realizar uma obra intelectual, seja ela qual for, sofremos muito quando exercemos uma atividade normal na sociedade”.
- “O nosso destino é sofrer nessa ou naquela profissão. O nosso temperamento e o feitio da nossa atividade intelectual estão sempre em conflito com a sociedade”.
- “...e o que faz o encanto da vida, mais do que qualquer outra coisa, é a candura dos simples e a animação dos humildes”.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

ALGO DA INTERNET (48)

UM PROGRAMA DE RÁDIO EM BUENOS AIRES E O "HPA" SENDO ENTREVISTADO
Hoje, com a permissão de todos escrevo de mim. Faço algo aqui em Buenos Aires a me encher de contentamento. Vim aqui com alguns intuitos e um deles consigo cumprir em duas etapas. Na primeira entrevistei ontem um argentino fanático por música brasileira, o radialista de origem judia polonesa JOSÉ LUIZ AJZENMESSET, que há vinte anos (comemorado em 06 de julho)apresenta na rádio FM URQUIZA (http://www.fmurquiza.com/) um programa inusitado e fora do comum nas programações atuais a vigorar no dial, o LA GUAGUA (http://www.laguagua.com.ar/), onde apresenta músicas universais (as que poucos ainda se atrevem a tocar), com uma parte especialmente dedicada para a música brasileira. Veio ao Brasil inúmeras vezes para gravar entrevistas, todas reproduzidas no programa. Quase todos os artistas que estiveram pela Argentina passaram pelo seu programa. É um oásis de preservação da boa música brasileira, coisa que nem nós mesmos mais fazemos. A relação completa está lá no site no programa. Ele, que um dia já foi arquiteto, hoje vive em função do programa. Na última vinda para o Brasil esteve com TITO MADI no Rio e juntou amigos dele em torno de um piano bar, conseguindo retirá-lo de sua casa para tocar, num momento em que ainda se encontra em recuperação de um AVC. Fez o mesmo com inúmeros outros monstros sagrados da MPB.

Vim para conhecer essa grande figura humana e ontem o fiz. Estive parte da tarde em seu apartamento. Os detalhes conto depois, num texto que tento emplacar na Carta Capital e em jornais daí de Bauru. Escrevo hoje da continuação do ocorrido ontem, quando convidado por ele dou uma entrevista ao vivo em seu programa falando sobre Bauru, Tito Madi, minha relação com a música brasileira, gostos e preferências e Brasil. Minha entrevista começa às 18h e vai até 19h30, podendo ser ouvida pelo site da rádio. Quer orgulho maior que esse. Lá estarei e convido os amigos para ouvirem. No retorno falo mais disso tudo. Por hoje preparo algo bem com a minha cara para descarregar pelas ondas radiofônicas argentinas.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

UMA ALFINETADA (88)

NÃO ACREDITE EM NINGUÉM COM... - publicado semanário pirajuiense O Alfinete, 25/06/2011
O mundo de hoje está forrado de “donos da verdade absoluta”. Esses os piores, pois possuem uma idéia preconcebida sobre tudo e todos. Quando alguém descarrega um caminhão de pensamentos, afirmando que outro mundo distante do que idealiza é o caos estabelecido, enxerga só malversações do outro lado e nada de positivo, fuja dele o mais rápido possível. Não vale a pena discutir com pessoas assim, pura perda de tempo. Primeiro porque sua cabeça não permite mais mudança de pensamento e os que assim agem, estão definitivamente perdidos, irrecuperáveis. Segundo porque o pedantismo mais afugenta do que aproxima os semelhantes.

Fique cada vez mais próximo de discussões sérias, com embasamento e alicerçadas. Ditaduras são na maioria dos casos ruins, regimes duros, onde uma pessoa ou grupo domina o poder e oprime o povo. Existem exceções, honrosas e em algumas delas, algo de concreto, com comprovada eficiência. Reconhecer isso, como no caso da educação e saúde cubana é um mínimo e quem foge disso, merece descrédito, pois não será apelando com a repetição de mentiras que se conseguirá convencer ninguém. Nessa semana um desempregado norte-americano, sem nenhum tipo de assistência médica, pois lá nem algo como o SUS existe. Tudo é na grana e ela não existindo você fica sem saúde, na rua da amargura. Desesperado entra num banco e rouba R$ 1 dólar, tudo para ser detido e conseguir um tratamento de saúde. Quando que em Cuba isso aconteceria? Nunca. Lá a saúde é o contrário dos países capitalistas. Tudo gratuito, eficiência comprovada. Até Chávez, o venezuelano foi se tratar lá.

Volto ao nosso país e a tantos outros. Abundância existe, mas ela não é para todos, só para os que possuem as tais condições. Uma minoria tem tudo e a imensa maioria padece. Não defendo minorias enriquecidas em condições mal explicadas. Prefiro estar sempre ao lado da maioria, que nunca será totalmente atendida num regime onde predomina o capital predatório. Por aqui até a religião está totalmente desvirtuada, cada vez mais ligada ao enriquecimento de uns poucos e uma manada seguindo sem pestanejar o prescrito por esses eleitos dos céus (você votou em algo assim?). Lá na tal ilha, Cuba, a religião também é livre, só que nunca ela interferirá nos assuntos do Estado. Lobbys religiosos como os ocorridos aqui e nos EUA, nem pensar. Lá cada um permanece no seu exato quadrado. Temos muito que aprender com eles e reconhecer isso é papel de gente que não encobre a história segundo seus interesses. A aparente liberdade existente aqui é pífia, diante de tanta iniqüidade e injustiça. A religião hoje, infelizmente, serve para manter uma massa calada, servil e medrosa, diante de transformações que se ocorressem seriam ótimas para o engrandecimento dessa nação e do crescimento desse povo. Só com educação ele deixará de ser massa de manobra.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

PERGUNTAR NÃO OFENDE ou QUE SAUDADE DE ERNESTO VARELA (52)

AGORA É LEI, POLÍTICOS E AGENTES PÚBLICOS SEM BENESSES
A piada do mês, a escrachada oficialização da existência do FEBEAPÁ, o Festival de Besteira que Assola o País, obra do imortal Sérgio Porto nos anos 70 está mais presente do que nunca, não só no imaginário e anedotário, mas nas ações de nossos políticos. O governador do Rio, Sérgio Cabral PMDB foi pego com a mão na botija. Sua nora morreu num acidente aéreo na Bahia e quando foram ver ela estava indo a uma festa patrocinada por um dos maiores empreiteiros do estado, na qual o governador também estava presente, tendo vindo da mesma forma, de helicóptero fretado por um dos maiores beneficiados de obras públicas no Rio. Pressionado e sem saber o que fazer diante das benesses recebidas saiu-se com a publicação no Diário Oficial do Estado do RJ, edição de 06/07, de um CÓDIGO DE CONDUTA, um mecanismo legal para limitar ou impedir (sic) que agentes públicos recebam benesses como passagens, doações, presentes, mimos, etc. Quer dizer, regulamentou sua própria conduta. Piada? Não, a mais pura verdade. Sintam o que prescreve documentos do tipo:

O QUE DIZEM OS CÓDIGOS DE CONDUTA DA ALTA ADMINISTRAÇÃO
Finalidade - Federal: minimizar a possibilidade de conflito entre o interesse privado e o dever funcional das autoridades públicas. Estadual: evitar a ocorrência de situações que possam suscitar conflitos entre o interesse privado e as atribuições públicas.

Bens - Federal: além da declaração de bens e rendas, a autoridade deve prestar informações sobre sua situação patrimonial que possa suscitar conflito com o interesse público, indicando o modo pelo qual irá evitá-lo. As alterações relevantes deverão ser comunicadas à Comissão de Ética Pública. Estadual: o agente público prestará à Comissão de Ética da Alta Administração informações sobre sua situação patrimonial e de rendas que, real ou potencialmente, possa suscitar conflito com o interesse público. Será informada à comissão a participação acionária do agente público em empresa privada que mantenha qualquer tipo de relacionamento com órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de Poder ou governo.
Favores - Federal: a autoridade pública não poderá receber salário ou remuneração de fonte privada em desacordo com a lei, nem receber transporte, hospedagem ou favores de particulares de forma a permitir situação que possa gerar dúvida sobre a sua improbidade ou honorabilidade. Estadual: é vedado ao agente público receber presente, transporte, hospedagem, compensação ou quaisquer favores, assim como aceitar convites para almoços, jantares, festas e outros eventos sociais.
Ernesto Varela, um intrépido repórter que, infelizmente feneceu no jornalismo nativo, diante disso questionaria outros em variadas instâncias e matizes:
- Continuas viajando de jatinho, pegando carona daqui pra ali, Sr político? E aquele dinheirinho modesto que recebeste na campanha advindo de um banco, mesmo estando na dita hoste esquerdista, isso te incomoda? Um show só para convidados de uma instituição médica, mas alguns outros continuam recebendo convites, como se dela fizessem parte, como a coisa mais natural do mundo.

O decreto descortina somente a ponta de um iceberg, não resolve e só nos faz rir. O buraco é muito mais embaixo, pois o lema seguido pelos envolvidos na questão é um só: “Mais fácil e barato pagar propina a políticos para conquistar contratos do que seguir os trâmites legais”.

terça-feira, 26 de julho de 2011

UMA MÚSICA (76)

BUENOS AIRES, com SABINA & PAEZ e SOBREVIVIENDO, com GIECO y HEREDIA
De 24 a 31 de julho estou junto de Ana Bia e do filho Henrique em BUENOS AIRES. Ela num Congresso de Design na Faculdade de Palermo, eu e o filho perambulando pelas ruas portenhas, com uma agenda previamente combinada. Não somos decididamente turistas. Não me queiram ver nos lugares dos mais visitados e o roteiro mais usual por aqui. Longe disso, passo na Rádio Urquiza FM para entrevistar o radialista Jose Luiz Ajzenmesser, que aos 20 anos do programa La Guagua (http://www.laguagua.com.ar/ ) produz algo inusitado até no Brasil: adora a música brasileira e toca ela diariamente. Depois passo na sede do Página 12, um jornal de esquerda, me perco pela Rua Corrientes, a das mais lindas livrarias do sul do mundo, vou conhecer a sede do grupo Madres de Praça de Maio (a rádio delas é linda: http://www.madres.org/ ) e participo durante toda a semana nas ruas da campanha do segundo turno para a Prefeitura de Buenos Aires, para conhecer in loco um pouco mais de como o esquentamento político se processo no país do peronismo. E, é claro, vou ver Ana em Palermo no seu Congresso, talvez ver meu sobrinho que está estagiando num Zoológico numa cidade vizinha, tomo umas Kilmes e como umas carnes ao estilo parrilla. O rescaldo disso tudo, só na volta.

Dos meus CDs, escolhi duas músicas que gosto muito de ouvir no som do meu “elefantinho branco” (como Ana chama meu velho e surrado Palio). A primeira é BUENOS AIRES, do CD “Sabina & Paez – Enemigos Intimos”, Warner 1988. Parem um pouquinho só e ouçam clicando a seguir: http://www.youtube.com/watch?v=BFxGpQRJEHE&feature=related . Semana passada, não resisti e comprei um lindo álbum, o “MÚSICA ARGENTINA SEM FRONTEIRAS – VICTOR HEREDIA, TERESA PARODI E LEÓN GIECO” e escolhi como a faixa mais pulsante a “SOBREVIVIENDO”, na voz de León Gieco. Esse show foi gravado no Brasil, em São Paulo, no Memorial da América Latina e o longo relato é algo para arrepiar qualquer um que ainda pulse com as coisas dessa nossa América. Parem só mais um pouquinho e ouçam isso: http://www.youtube.com/watch?v=tSCnnDmnEXc . É com esse espírito que volto aqui, depois de uma curta passagem em 2007, quando junto de Marcos Paulo viemos assistir uma fala de Hugo Chávez aos argentinos. Será um intensa semana e a viverei dessa forma, como tudo que faço na vida.
OBS.: Desplugo o computador nesse momento e só devo voltar a vê-lo amanhã. Inté então...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

INTERVENÇÕES DO SUPER-HERÓI BAURUENSE (09)

QUAIS OS INTERESSES DO FIM DA COHAB...


Um dos assuntos mais discutidos nas muitas rodas em Bauru é sobre o destino que será dado à COHAB - Companhia de Habitação Popular de Bauru. O prédio sede é famoso, ocupa área das mais nobres na cidade (disputadíssima pela especulação imobiliária) e o seu passivo hoje é uma monstruosidade a assustar qualquer um. Impagável diriam alguns e cuja única solução, dizem outros é decretar o seu fim. Mas nada é tão simples, pois quem arcará a tal conta impagável. E os que produziram essa conta, nada lhes acontecerá? Fruto de irresponsabilidade coletiva de sucessivos presidentes, que continuarem fazendo financiamentos, mesmo com o aumento da inadimplência, o resultado é a sua quase insolvência atual. Fechar por fechar sem dar nomes aos bois não é correto e a população não pode entrar nessa, como gaiato no navio. GUARDIÃO, atento a esses detalhes, propõe um debate mais amplo, talvez na prórpia Câmara de Vereadores, onde a questão possa ser esmiuçada por completo. Portanto, mesmo diante da possibilidade de pulverizar a COHAB, Guardião prefere não afgir precipitadamente e o qure fará mesmo é antes disso, abrir a Caixa Preta da instituição. Quem toparia fazer isso que o siga...
OBS.:Leandro Gonçalez desenha e esse escrevinhador dá uns pitacos para todo domingo, a charge sair no www.desenhogoncalez.blogspot.com e na segunda aqui.

domingo, 24 de julho de 2011

AMIGOS DO PEITO (55)

UMA MERECIDA FESTA PARA ESSO MACIEL
Esso é uma pessoa especial. Passando dos 70 anos continua um meninão, desses a aprontar com a vida. Leva a sua cheia de privações, num refúgio criado por ele mesmo, um canto onde existe um mundo particular, só seu. Lá nos altos da Vila Falcão, ele e seu caos vêem a vida passar e não se importam com o que acontece nas ruas, o importante é que todos ali, ele e os cães possam continuar fazendo tudo como no dia anterior. Uma repetição feita com gosto, uma vida dedicada nos que realmente não lhe traem, esses seus verdadeiros e únicos amigos. São quase 30 no total. Sai pouco de casa e quando o faz, ainda choca algumas pessoas. Finge não perceber e cada vez sai menos. Diz-se doente e não se trata, deixa a vida lhe levar. Com o que ganha, uma merreca de aposentadoria, come mal e porcamente, mas não deixa que nada falte aos seus animais.

A festa que lhe fizeram na sexta, 22/07, o fez sair dessa rotina, primeiro a gravação do primeiro programa da série “Primeira Pessoa”, entrevistas filmadas em forma de vídeo, algo profissional, com esmero e cuidado, merecia mesmo ter um nome de peso no pontapé inicial. O nome é Esso, o peso é sua importância no cenário bauruense, pois na verdade está fino como um fio de cabelo, pesando pouco mais de 50 quilos. Um faquir, admirável e desprendido engolidor de espadas, espadachim de uma causa perdida, mas nem por isso fechado em copas. Na gravação estava todo maquiado, falante como nunca, solto como uma pluma e foi ótimo, pois disse tudo em tão poucas palavras. Roberto Pallu, um cinegrafista mais do que profissional soube captar um Esso em ponto de explosão. Com três câmeras gravando ao mesmo tempo, pegou-o em todos seus ângulos e o resultado foi algo único, belo, forte e para ser guardado. Gostei demais.

Do projeto, vi outros nomes sendo divulgados na tela. Elson Reis, o manager da Cultura municipal estava radiante, pois acaba de divulgar notícia de uma bela grana em equipamento para o palco do teatro, agraciado que foi pela Funarte e mais, anunciava a data da reabertura do teatro para 27 de agosto. Ao lado de Jota Luiz, o segundo entrevistado do projeto, eram só risos e Jota foi na veia: “Por que não me leva para um show por lá. O projeto está pronto”. Acho que vai dar liga.

Na festa, Esso estava rodeado de gente amiga, parentes e curiosos. Tirou belas fotos com seu novo gorro e ao lado de gente que lhe fez a cabeça quando jovem, como Marlon Brando. Painéis espalhados pelo espaço da Casa Ponce Paz, todos montados por ele, uma espécie de altar onde foi juntando fotos e fatos, os marcantes de toda sua vida. Autografou o DVD para mim e o fez também para Neli, uma das coordenadoras de tudo, junto de Orlando Alves, dois dos que pegam o touro a unha e mostram em eventos como esse das possibilidades do setor público. E eu me derreto todo diante disso tudo.

Esso merece, Jota idem e os próximos todos, os que aguardam na fila de espera o momento certo de serem entrevistados, uma certeza, com um time desses, tendo Pallu como manuseador da câmara, teremos muito o que aplaudir nos próximos meses. Eventos como esse me são muito gratos, as pessoas que ali estavam idem. Tudo de bom para uma sexta e Esso foi embora feliz da vida para cuidar de seus cães, com algum reconhecimento pelo tanto que já fez. Talvez assim ele mesmo passe a acreditar ter deixado de ser um maldito nessas terras bauruenses. VIVA ESSO MACIEL!!!

OUTRA COISA – FINAL DA COPA AMÉRICA – POSICIONAMENTO DE MUJICA: O presidente do Uruguai, José Mujica, não irá à final da Copa América que seu país disputará hoje contra o Paraguai, em Buenos Aires. Alega que é para não causar mal-estar na Argentina, eliminada pelos uruguaios nas quartas de final. "Não quero ser arrogante, tenho que ser diplomático e discutir questões mais importantes”, afirmou Mujica. O mandatário também destacou a necessidade de evitar ofensas para que o espetáculo esportivo, seja qual for o resultado, acabe em uma "festa internacional" e que o perdedor "tenha grandeza, porque somos todos irmãos. Vencer, como muitas coisas na vida, é fácil, mas perder significa grandeza, compostura", ressaltou o governante. Achei linda sua postura, mais latino impossível.

sábado, 23 de julho de 2011

MEUS TEXTOS NO BOM DIA (135) e CARTA (67)

ESTAMOS BEM DE ESTUDANTES – publicado diário bauruense BOM DIA, 23/07/2011
Dia desses pego um folheto no chão e nele algo contundente sobre o movimento estudantil brasileiro. Era sobre uma festa, a “Fantlética” e nele embutido a minha preocupação. Não suporto ver o nome de uma organização estudantil como a que reúne os estudantes universitários da Unesp com um nome de “Atlética”, pois isso me lembra esporte, festa, balada, reuniões em torno de álcool e sem nenhum caráter reivindicatório. Fui da época do Ciente e por lá havia muita festa, mas o couro comia. No geral, os estudantes brasileiros mudaram o foco de sua atuação e hoje se reúnem por motivos outros, que os da luta pelas velhas causas. Tá todo mundo querendo rosetar, mais nada. No vizinho Chile, o pau come solto nas ruas, mobilizado por estudantes numa espécie de vigília contra abusivas atitudes governamentais. Nas paredes e muros inscrições políticas e não somente grifos sem sentido. Desde cedo jovens aprendem que o buraco é bem mais embaixo. Seria outra mentalidade? Não sei, mas o que vejo aqui é o oposto disso. Secundaristas por aqui se reúnem nos corredores de um shopping e o que fazem é um desfile de sua dita rebeldia, nada contestatória, pois parece mais se exibirem, querem provocar escárnio a tentarem modificar algo. Lutar por direitos, longe disso. Tudo é consumo. No meio estudantil, semestre passado, fora a Marcha da Liberdade, o que mais tivemos mesmo? Por mais que me esforce, não sei. Na ITE, o Diretório Acadêmico 9 de Julho, o famoso do curso de Direito, está de portas cerradas e o motivo parece ser a falta de repasse de verbas para que o mesmo funcione, como se necessário fosse o recebimento de grana para que a máquina da consciência de classe engrene e desengripe. Tudo virou uma grande balada. Nas repúblicas só festas, muita zoeira, mas nada de luta. Tudo bem que os tempos são outros, mas escancaram demais estar tudo muito voltado para uma entrada tranqüila de todos no mundo do capital. Talvez seja isso mesmo o que a maioria queira e eu, velho sonhador, sofra por continuar acreditando que nem tudo esteja perdido. E pensar que estudantes, se quisessem, poderiam mudar o mundo.

CARTA PARA EDIÇÃO SEMANAL ‘CARTA CAPITAL’ 656, NAS BANCAS HOJE:
“Como é gostoso ler as entrevistas de CARTA CAPITAL. Uma mais saborosa que a outra e não encontradas, nem possíveis em nenhum outro órgão semanal da imprensa nativa. A de Juca Kfouri, "O calo de Ricardo Teixeira", edição 655 um libelo contra os desmandos de quem apregoa ser tudo possível. Escrever hoje em dia e contra esses "dragões da maldade" é o mesmo que dar murro em ponta de faca, loucura e insanidade, tal as possibilidades de perder a vida antes do tempo ou de falir, devido a processos repetidos, injustos e abertos com um único intuito, o de calar a boca dos que ainda conseguem levantar a voz contra as impunidades e bestialidades desses sombrios tempos. Eu, um escrevinhador aqui no interior paulista, sofro o meu primeiro processo e mesmo aconselhado a me calar, compor, preferi seguir adiante, batendo na mesa e pretendo, mesmo sabendo ser algo quase impossível, fazer das audiências um local onde se possa discutir ética no trato com o semelhante, a coisa pública e todo e qualquer relacionamento profissional. Carta Capital poderia muito bem estampar numa de suas próximas capas algo sobre isso: quantomais injustiças e negociatas feitas, mais calados somos obrigados a permanecer e quando abrimos a boca, um pedido de reparação. E quem irá reparar o que estão fazendo a todos nós, a uma geração influenciada por tudo que fazem?”, essa de minha lavra e risco.



Obs.: Essa minha carta eu a escrevi movido por uma entrevista do Juca Kfouri sobre os desmandos de Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Ela é facilmente encontrada na internet e nessa edição Mino Carta sacramenta o que escrevi quando no editorial dá a réplica: “No começo da semana liguei para Juca Kfouri, o jornalista mais processado por Ricardo Teixeira, queria cumprimentá-lo pela substanciosa entrevista que CC publicou na edição passada. Falou-me de um sonho dele, a atrair alguma esperança: ah, se a presidenta se desse conta dos risco que todos corremos. Não se trata de espremer as meninges para concluir que com Teixeira estamos nas piores mãos, como se não bastasse Joseph Blatter”.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O QUE FAZER EM BAURU E NAS REDONDEZAS (04)

SAGA DE EVENTOS, NENHUMA BALADA...
Final de semana concorrido, próxima semana idem e assim atualizamos o que rola na cidade e região. Vejam se não me esqueci de nada:

1. A Secretaria Municipal de Cultura lança hoje com ESSO MACIEL, um projeto que deve fazer história, o “PRIMEIRA PESSOA”. É o registro em vídeo da história de bauruenses que marcaram época no quesito cultural na cidade e começar com Esso é tudo de bom. Casa Ponce Paz, 20h, hoje.

2. A segunda reunião de reformatação do FNDC – Fórum Nacional Democratização das Comunicações em Bauru ocorrerá dia 29/07, sexta que vem, 16h, na sede do CRP – Conselho Regional de Psicologia, ao lado murão da USP. Tem muita gente boa envolvida nisso e discutir essa questão uma prioridade diante de aberrações cometidos pelos ditos democráticos órgãos de comunicação brasileiros.

3. Bazar Cultural da Miscelânea ocorre hoje, sexta e sábado, 22 e 23/07, das 11 às 22h, em Bauru, na rua Saint Martin 16-34. Quem gosta de brechó e oportunidades de descolar roupas inovadoras não pode perder essa. Cláudia Pinto uma das organizadoras. Tem até uma banda tocando e encantando por lá. Tem até página no facebook.

4. Alberto, o capo da capoeira na cidade convida todos para no próximo dia 28/07 a inauguração na cidade da praça “MESTRE BIMBA”, a sumidade no assunto. Além da agitação com apresentações no novo espaço, a possibilidade de ver a quantas anda o movimento capoeirista. Detalhes no cartaz ao lado.

5. Dia 23, sábado, FEIJOADA da Torcida Uniformizada do Noroeste, a SANGUE RUBRO, a partir das 11h e até o horário do jogo contra o Linense, 15h30. Ali pertinho do campo, impossível não achar, pois o cheiro deve estar de matar. Liguem para o Pavanello e ajudem esses lunáticos a sobreviverem, fone 30111936.

6. Ufa! Enfim um filme assistível nos cinemas locais no período de férias, o brasileiro “ASSALTO AO BANCO CENTRAL”, com LIMA DUARTE no papel de um policial durão. Está só no Cine’n Fun do Alameda.

7. Reservei lá na MUSIC SOUND do Shopping, do amigo noroestino Marcos e passo hoje para buscar o novo CD de Chico Buarque, o “CHICO”, lançamento da Biscoito Fino e mais do que esperado, de um dos que ainda paro tudo e fico a ouvi-lo sem pestanejar. Depois escrevo mais dele e do novo filho.

8. Hoje acontece em Bauru algo imperdível, mas de difícil comparecimento. Nos 40 Anos da Unimed, um show lá deles só para médicos convidados com nada menos que JOÃO BOSCO (o verdadeiro, o único, o indivisível...). Nem de joelhos estou conseguindo ingresso e já penso em escavar um túnel nas imediações do Espaço Bauru. Tenho lá minhas reclamações dos médicos, mas ao saber que a escolha do show foi deles, numa enquete, pelo menos o alento: souberam escolher muito bem um para fazer algo particular para eles. Até momentos antes do começo continuarei tentando... JB merece.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

DOCUMENTOS DO FUNDO DO BAÚ (26)

O QUINTAL DO BRAS QUER CANTAR NA FESTA DOS 115 ANOS DE BAURU: VAMOS AJUDAR?
Falar em QUINTAL DO BRAS aqui em Bauru é sinal de samba de qualidade, dos feitos na palma da mão, com repertório afinado, de fino trato e a reunir centenas de pessoas, num congraçamento divinal. Tenho o prazer de ser um dos patronos desse grupo, pois fui um dos que facilitaram sua introdução no cenário cultural bauruense. Estava nas hostes da Secretaria Municipal de Cultural e lá pelos anos de 2006, eles ainda se apresentavam num bar na vila Falcão. Começaram em volta de uma mesa do bar, passaram para o lado de fora e de lá para o quarteirão e lotaram tanto o lugar, que a dona do estabelecimento teve que pedir para pararem, pois estavam criando problemas mil pelo excesso de gente, sem estrutura para suportar um crescimento a cada nova reunião dos rapazes. Pararam por um tempo.

O BRAS não é o tesoureiro, mas seu nome está inserido com muito orgulho no nome do grupo, pois tudo começou lá pelas beiradas dos trilhos da Vila Falcão, num quintal de terra na casa de sua mãe, hoje das irmãs. Marcão, o que marca o som todo com as batidas dos tambores, é filho do Bras e os amigos foram chegando. Tomaram gosto e não pararam mais. Todos foram levados também para sua casa lá no Geisel e a partir daí caíram nas graças de quem gosta de um bom samba, ao estilo do praticado pelo grupo Fundo de Quintal e no Cacique de Ramos, ambos eternas fontes inspiradoras de todos. Faltava o novo lugar, um com mais espaço.

Ainda em 2006 fui convidado para ir numa das últimas festas ocorridas lá no quintal da mãe do Bras, com o barulho de trem passando nos fundos da casa (perto da Mocidade Independente da Vila Falcão). Tirei fotos e o que vi ali foi o suficiente para me convencer de que teriam que ter um espaço maior para suas apresentações. Comprei a idéia, levei tudo para o Vinagre, então secretário de Cultura e as apresentações começaram a ser feitas aos domingos à tarde no espaço interno do Centro Cultural, junto da cantina. Alguns fizeram vistas grossas, mas o sucesso foi tanto, que não puderam fazer nada. No Carnaval de 2007, o ápice das apresentações por lá, tinha gente entupindo tudo e sem nenhum tipo de problema. Ganharam fama e muitos dos seus integrantes passaram a tocar por lugares variados. Foram dezenas de domingos, até que novamente o espaço ficou pequeno, já não comportava tanta gente.

Daquele churrasco movido à samba, idos de 2006, recordações valorosas, como a do Bras ao lado de uns pés de Espadas de São Jorge, que parecem terem dado sorte ao grupo e das irmãs do mesmo, todas animadas e levando cada vez mais gente à todas futuras apresentações. O grupo sempre teve um boca a boca de encher os olhos e os lugares de gente. Tudo pelos lados deles é feito como se fosse uma grande e unida família (e é, tenham certeza disso). Passado alguns anos, estão todos por aí e num encontro casual, ocorrido ontem, 20/07, um pedido do Anderson, o Gordo: “Veja como a gente pode repetir a dose do ano passado e tocar lá na grama do Vitória Régia no dia da festa do aniversário de Bauru?”. Disse-me que depois da comoção de tanta gente ao lado deles no ano passado, estão propostos a passarem o feriado cantando. "Sem conseguir o mesmo espaço para esse ano, coisas da burocracia, que pede projetos, digo que o nosso negócio é alegrar o povo, não queremos cachê, nada disso, queremos só tocar e encantar", me disse. E eu quero ajudar, pois já me vejo sambando junto deles na festa dos 115 anos de Bauru.

Ivo na marcação, Marcão, Borracha, Binha, Eduardo, Mauri e Gordo querem se juntar a quem quiser cantar e fazer a festa dos apreciadores de samba de raiz. Parece ser tão simples, poderiam até chegar e começar a tocarem, mas querem algo organizado, umas mesas e cadeiras e só, depois o resto eles sabem que acontece e isso é o mínimo que posso fazer por eles, divulgar aqui e pedir para gente de lá de dentro da Prefeitura para deixarem os rapazes fazerem o que gostam, com prazer, contentamento, alegria e reproduzindo algo de bom, música de qualidade.

Quem quiser saber mais do que fizeram no ano passado, basta darem uma espiada aqui mesmo nesse blog, num post feito em 03/08/2010 com o título, “Amigos participando da festança do aniversário de Bauru” (http://mafuadohpa.blogspot.com/search?updated-max=2010-08-06T04%3A25%3A00-07%3A00&max-results=7 ) e confiram se merecem ficar de fora da grande festa? E vamos todos marcar de estarmos juntos novamente cantando com eles, guiados pelas batidas de suas mãos e um repertório de fechar o comércio. Tô nessa!!!
OBS: Todas as fotos foram tiradas por mim nos idos de 2006