terça-feira, 31 de agosto de 2010

CENA BAURUENSE (67)

UMA FESTA DA DIVERSIDADE NAS RUAS – MINHAS OBSERVAÇÕES
Como fiz nas duas edições anteriores, estive domingo na III Parada da Diversidade de Bauru. Gosto muito de festas nas ruas e mais ainda de quem as realiza (depende da festa, viu!). A organização desse evento é primorosa, não existe como negar isso. Estão se profissionalizando no que fazem e praticamente não presenciei falhas. Não sou contra eventos como esse gerarem lucros, uma vez criados e comandados por pessoas ou empresas privadas, como de fato ocorre. Todos nós sabemos, que Markinhos e Rick possuem duas famosas e vitoriosas casas noturnas na cidade, a Labirinthus e o pub Urbano’s. Por trás disso, criaram uma entidade a ajudar o movimento GLBT a ter maior visibilidade e diminuição do preconceito. Os vejo nesse quesito ainda insipientes, mas munidos de boas idéias, muitas delas plausíveis e necessitando de um impulso maior para sua implantação e execução. A própria sociedade civil ou os membros da entidade, poderiam contribuir de uma forma a facilitar essa funcionalidade. Estimular isso é papel de todos nós. Vejo da seguinte forma a questão. A entidade está criada e em funcionamento. Ponto para eles, pois que a partir daí surjam idéias e pessoas dispostas a impulsionar o seu desenvolvimento. Ocorrendo isso, ótimo para todos. É claro e nesse caso não vejo como possa ser diferente, um envolvimento de ambas as casas ao lado do evento. Foi bom presenciar o envolvimento do poder público no quesito eliminação dos preconceitos. Esse o papel público, o de não se deixar levar por grupos que lutam contra os avanços. Do evento e a escolha do tema deste ano, algo em torno da paz, uma observação. Não se dá para generalizar a paz. Ela não é uma entidade a ser entendida como de unificação. Existem tipos de paz e as divido muito bem. Não gosto desse papo de que a paz resolve tudo. Pera lá, somos tratados com uma violência sem fim e ao aceitar simplesmente o branco e a pomba em nossas vidas, continuarão a nos subjugar. Isso não é misturar política com o ato. Trata-se de uma constatação. A paz de quem fez a defesa de uma lei que respeita o horário de abertura do comércio aos domingos não é a mesma de quem quer que ele continue sendo aberto sem qualquer tipo de regulamentação entre patrão e empregado. A paz proposta por Israel não é a mesma dos palestinos. A paz do latifundiário não é a mesma do trabalhador rural sem terra e quase sem esperanças. Um divisor de águas se faz necessário. Eu desci o cortejo no chão, percorri cada trecho da avenida e ali, no asfalto também se nota diferenças entre os próprios a alegremente se divertir numa tarde de domingo. Existem aqueles que vão somente com o intuito de passar uma tarde alegre e aqueles que também querem usufruir dos que se encontram nessa situação. Tem político que vai com a família e não aceita crachá, quer estar no asfalto e não distribui santinhos, como Roque Ferreira e tem aquele que faz questão de estar no carro abre-alas e fazer uso da palavra, como Estela Almagro. Como existem aqueles que lotam a avenida com santinhos e cabos eleitorais, ao estilo Léo Aquila e nem se preocupam em lembrar os nomes dos candidatos majoritários. Pensam só neles. E vi também aqueles, que produzem algo bonito, de boa visibilidade, como os bonecões do PV, mas não dão o ar de sua graça. A questão política é uma delas, outras também chamam a atenção. Apoio o movimento e defendo muitos dos militantes que lá vi, mas por outro lado, não é porque todos ali são do movimento GLBT que faço essa defesa de olhos fechados. Nada disso, pois os que estão do lado que repudio, os que exploram os seus pares, os que humilham os menos abastados, esses eu tenho uma ação idêntica a praticada em qualquer outro segmento. Defendo o movimento num todo, as pessoas individualmente. E da festa, só alegria. Eu, Ana Bia, mana Helena, Roque, Tatiana, Thales, Zilda, Malu, Lulinha, Ademir e tantos outros e outras, com o sorriso estampado no rosto. Fui até onde agüentei e antes do show começar fui para casa, extenuado.

OBS de última hora: Ontem, segunda, 30/08, ouvindo a sessão da Câmara Municipal pelo rádio, o vereador e pastor evangélico Sakai se diz discriminado por ter pedido dinheiro para realização de show evangélico na praça (Abala Bauru) e o mesmo ter sido negado, sob alegação de que falta grana. Abre o Diário Oficial e vê que quem pagou show da Diversidade foram os cofres municipais, daí a revolta. Outro verador, Roberto Purini defende a Prefeitura e diz existir impedimento para se pagar eventos de cunho religioso, pois teriam que atender a todos e o que ocorreu com o show no Vitória Régia, foi uma festa para a cidade, sem bandeira específica. Vou mais longe, Sakai foi pedir grana de um dia para outro e dessa forma, nunca conseguirá nada, depois concordo com a justificativa, porém, acredito que a melhor forma e o mais adequado seria o pessoal ligado à Parada conseguir um meio de bancarem os próprios custos relativos ao seu evento. Aqui a mesma questão das Escolas de Samba que só pedem. Existindo uma programação de eventos o ano todo, o evento seria facilmente bancado por si só e calaria a boca de alguns conservadores sempre de plantão. A esses, um sonoro e retumbante arco íris, multicor. O que proponho sempre é a discussão desses temas à exaustão. Nada de questão fechada.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

ALGO DA INTERNET (35)

ATACADÃO INAUGURADO AQUI E EM PARAOPEBA O ESCAMBO
Bauru é uma cidade com tudo que uma grande cidade tem e a cada dia chegam mais coisas. Umas boas, outras ruins. Hoje, 30/08 está sendo inaugurado por aqui, no começo da Avenida Nuno de Assis, quase junto à rodovia Marechal Rondon, mais um grande atacado na cidade, o Tenda. Meses atrás quem aportou por aqui foi o Maxxi, do grupo Wal Mart. Bem antes, talvez o primeiro a aportar por aqui tenha sido o Makro e depois o Wal Mart. O bauruense Confiança Flex é parecido com um desses gigantes. Isso sem contar os grandes supermercadistas, que espalham grandes lojas pelos mais diferentes bairros. Em alguns vou sem problema nenhum, em outros, prefiro me abster.

Na verdade, prefiro as casas mais simples. Cheguei a conclusão de que alguns mercadinhos de bairro possuem preços mais convidativos do que os grandões. Nem todos, mas vasculho e acho. E deles não saio. Isso sem contar, que o que mais ouço é que esses grandões dão não sei quantos empregos. Ninguém fez nada sério para mostrar se mais trouxe ou tirou, pois enquanto abre um desses grandões, fecham-se outros tantos nos bairros periféricos. É impossível agüentar e resistir com uma concorrência desse tamanho no seu calcanhar. Saudosista e de gostos simples, modestos, assisti um vídeo no Youtube nessa semana e recomendo a todos.

É sobre um comércio na cidade mineira de Itabirito MG. Uma típica venda ao estilo do interior brasileiro, dessas a vender de tudo. Fizeram um vídeo contando a história do comércio, uma mercearia familiar, passada de pai para filho, algo a encantar os olhos desse caipira. O lugar fica a apenas 55 quilômetros de Belo Horizonte e faz algo que não vejo hoje em quase lugar nenhum, praticam o escambo. Vendem de tudo, mas trocam de tudo, também. Um chega lá com galinhas e sai com milho, outro traz feijão e não tendo como pagar a conta, troca pelo que quer e ainda pode sair com um troco. Recomendo a todos darem uma boa sentada e por sete curtos minutos matarem saudades de algo que ainda existe (já são quase 138 mil exibições). Publico isso hoje, justamente no dia da abertura de mais um desses baita gigantes, só para mostrar que de um jeito bem simples é também possível tocar a vida e dela extrair o que de melhor existe na face da Terra. Eu adoro histórias desse jeito. Cada um tire a conclusão que quiser. Para concluir, acredito que a Mercearia Paraopeba, com a simplicidade, a essência do pequeno negócio, não frutificaria por aqui e o primeiro a lhe causar estragos, problemas, seria a tal da Saúde Pública, que impediria seu funcionamento.

Em tempo: Descobri o vídeo lendo o texto "O futuro lá atrás", do crítico gastronômico Márcio Alemão, seção Plural/Refogado, revista Carta Capital edição 610, de 25/08/2010. Para conferir o texto na íntegra cliquem: http://www.cartacapital.com.br/cultura/o-futuro-la-atras

ELEIÇÕES 2010 (01) - Passo a publicar a partir de hoje, um pitaco quase que diário sobre esse tema, eleições. Começo com algo que havia sido comentado tempos atrás e que hoje vejo consumado: a demissão de Heródoto Barbeiro do comando do Roda Viva, da TV Cultura, que é uma estatal paulista e sujeita aos mandos e desmandos tucanos. O motivo, como até as pedras do reino mineral sabem foi por ter colocado o candidato Serra, ex-patrão de Heródoto, numa saia justa, quando lhe perguntou sobre os altos preços cobrados pelos pedágios paulistas. Esse engasgou, patinou e saiu-se com uma frase de efeito, a de que "isso é coisa do trololó petista". Pois foi o tal do trololó, porém o tucano, a causa da demissão e depois eles apregoam serem os petistas a querer promover um controle social da mídia, quando eles já o fazem. No lugar de Heródoto, Marília Gabriela (sai direto das ribaltas e embalos noturnos para o balcão do programa) e começa hoje entrevistando Eike Baptista. Em tempo: Podem cutucá-lo à vontade, mas não esperem deste entrevistado de hoje, algo contra Lula. Para quem ainda não assistiu, eis o aperto sofrido por Serra e gerador do pé na bunda. Cliquem a seguir e confiram: http://www.youtube.com/watch?v=ZK4s6KaUdzc&feature=player_embedded

domingo, 29 de agosto de 2010

OS QUE FAZEM FALTA E OS QUE SOBRARAM (11)

TRÊS NO MESMO BALAIO: ADONIRAN, HENDRIX E CONÇEIÇÃO TAVARES
Nas homenagens que faço aqui mensalmente, dessa vez não a faço somente para uma pessoa e não sigo a ordem cronológica, de num mês homenagear um que FAZ FALTA e no outro um que SOBROU. Misturo tudo, a causa é nobre e três merecem meus elogios e afagos. Vamos por partes, como diria Jack, o Estripador (esse não presto homenagem nenhuma, só cito):

Adoniran Barbosa – Digno representante do samba à moda paulista, do Brás, Bom Retiro, Mooca, Butantã, Jaçanã e Bexiga, esse típico caipira paulistano estaria completando 100 anos neste mês. Quem não cantarola um samba de Adoniran entre nós? Literalmente, todos. Aquele jeitão seu de ser e de estar, hoje está praticamente inviabilizado, para tristeza de todos. No seu lugar, pretensos entendidos de tudo, com um linguajar onde preponderam os termos estrangeiros, em inglês, principalmente, como se isso fosse possuir mais cultura e refino. Refino era o Adoniran, autêntico até a medula. Para minha felicidade, tive o prazer de assistir um show dele e aqui em Bauru. Foi no antigo Diretório Acadêmico da USP, na rua Rio Branco, acho que no mesmo lugar onde permanece até hoje. Não tenho muitas recordações daquele dia, anos 70, mas lembro do homem entrando no salão de terno preto, amarfanhado e fazendo a garotada sentar no chão para vê-lo cantar. Não éramos tantos assim, mas hoje lotam recintos de exposições para reverenciarem gente que amanhã ninguém mais se lembrará nem do nome, quanto mais do que cantavam. A ilustração foi cedida por Fausto Bergocce, outro admirador do mestre Adoniran.

Jimi Hendrix – São exatos 40 anos de sua morte e nada melhor do que aproveitar essa data redonda para reverenciar esse verdadeiro revolucionário da guitarra. Esse músico norte-americano de família pobre soube desenvolver a música mais extraordinária tocada por uma guitarra. Não gosto de falar da tragicidade de sua vida, mas da forma como sabia tocar o instrumento musical. Foi daqueles que conseguiu escapar do vexame no Vietnã, fugindo mesmo e sem traumas, pois queria e lutava por outra coisa, ou seja, fazer da música uma missão, não uma competição. E fez disso sua vida. Foi ele quem encerrou o Festival de Woodstock, em 1969, entoando canções que viraram verdadeiros hinos contra aquela insana Guerra. Hoje, olho para trás e não vejo mais possibilidades na realização de festivais ao estilo daquele, nem do nosso Águas Claras. Por aqui, na terrinha bauruense leio que em novembro ocorrerá no recinto da Expo, o SP Onlive, algo envolvendo games e esportes e o Rock in Rio voltará ao Rio com atrações consideradas abomináveis nas primeiras edições. Retrocesso, nem sei se o nome seria isso. O mundo não é mais o mesmo daqueles anos 60/70 e parte dos 80. Hoje, a música conforta, não transforma mais nada. Olho para trás e vejo como estamos mais pobres, de bolso e de preferências. Jimi faz uma baita de uma falta.

Maria da Conceição Tavares - Essa é, sem sombras de dúvidas, a mais importante economista brasileira no último meio século. Nada de braçada. Completa 80 anos de vida, com a mesma lucidez do passado. Não poupa críticas a quem delas é merecedor. Recentemente fez questão de apregoar que “o estado brasileiro converteu-se em um estado de mal-estar social” e quando da última crise mundial (uma que o Brasil de Lula escapou ileso), fez questão de deixar bem claro de que lado permanece: "Entupiu o sistema circulatório do capitalismo. É preciso agir rápido, antes que ocorra a trombose". É uma espécie de banco de reflexão onde se socorrem muitos dos que opinam hoje em dia sobre economia. Lúcida e à frente de uns tantos, como nosso mais propalado economista bauruense, um que faz questão de continuar afirmando não existir alternativas fora do neoliberalismo. Enquanto ela segue altaneira, sempre inovando e provando estar antenada com os novos ares mundiais, por aqui, uma pena, alguém a remediar o futuro e prestando reverências eternas ao algoz dos avanços do Brasil enquanto nação livre e independente. Uma lucidez corajosa, que até os adversários (os menos subservientes) respeitam e admiram.

OUTRA COISA: Hoje aqui em Bauru a realização da III Parada da Diversidade e lá estarei junto de amigos, parentes, namorada e as mais de 30.000 pessoas esperadas, todas pisando em algo que li colado no chão do Urbano Pub: "Pise no preconceito". Piso fundo e empunho meu cartaz do "Saka i, ó meu!" e uma camiseta contra o preconceito sofrido por Dilma, um dos que combateram corajosamente a Ditadura Militar. Uma festa nas ruas bauruenses. Confira mais detalhes no http://www.baurupeladiversidade.org.br/

sábado, 28 de agosto de 2010

FRASES DE UM LIVRO LIDO E RELIDO (39)

"APONTAMENTOS", DE SÉRGIO LHAMAS
Lá na banca de troca de livros do SENAC vi essa semana entre os a serem levados este antigo livrinho do Lhamas, com páginas amareladas, fininho, 59 curtos registros em forma de poesia. Já tive esse livro e acabou sumindo do meu mafuá. Foi inevitável ao rever a obra, voltar à mente lembranças dos tempos de sua compra e do que Sérgio Lhamas representou para uma geração de jovens escritores e poetas de Bauru. Professor de Literatura e Redação, jornalista e poeta, principalmente poeta. Trago o livro e o leio numa sentada. Que delícia rever junto a orelha, texto escrito por Esso Maciel, outro da mesma cepa e naipe. O livrinho me desperta para algumas perguntas: Por onde andará Lhamas? Que andará fazendo da vida? Não tenho mais notícias nenhuma dele por Bauru, o que andará aprontando na vida e da vida? Se alguém aí do outro lado souber de algo, um simples sinal de fumaça, que estabeleça contato. Abro o Google e lá algumas dicas sobre um jornalista do Jornal da Tarde (editor de Cultura?!?!) a entrevistar pessoas no Roda Viva, da TV Cultura. Seria ele? Na continuidade da pesquisa, outro "Lhamas", esse outro Sérgio a correr atrás de lhamas nos Andes. Desse, com certeza, semelhança só no "Lhamas". Nem uma mísera foto encontrei, nadica de nada.

Abaixo frases/poesias do nosso poetinha, escrita e publicadas em 1981 (eu tinha 21 anos):
-"Padronização/ é coisa para quem não tem imaginação./ Temos imaginação/ e vivemos a vida como achamos melhor./ Mera questão de ponto de vista".
- "Forcemos fortemente a vida/ e ganheremos alguma coisa dela,/ mesmo que seja um prêmio consolação./ Já é alguma coisa para quem não tem nada".
- "Estou vivo/ e tenho uma vontade louca de ser feliz...".
- "Todo mundo é uma ilha./ Mas, bem que a gente podia juntar duas ilhas/ e brincar de arquipélogo...".
- "Eu queria tanto da vida!/ Nada tive/ e nada me foi negado".
- "Não tenho medo de ficar despido perante o mundo/ não há o que esconder./ Tudo o que existe deve ser feito e dito./ E eu estou fazendo e dizendo da minha verdade/ sobre as coisas que aprendi e senti".
- "Às vezes a gente sai da gente/ e é sempre difícil voltar".
- "As coisas que eu quero/ estão distantes/ e eu quero tão pouco...".
- "Não sei o que posso fazer pelas pessoas do mundo./ Sei apenas do amor que lhes tenho".
- "Classificados:/ me vendo/ vendo-me".
- "Um dia minhas mãos cavaram terra/ e num golpe de sorte encontrei ouro./ Não sabia o que fazer com ele./ Joguei-o fora./ Fico mais bem disposto quando tenho apenas o sol".
- "Na vida/ a gente perde amor/ por precisar ser amado".

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

RETRATOS DE BAURU (86)

FÁTIMA SCHROEDER, A CARA DO NATURAE VITAE
Com certeza todos já ouviram a expressão “cara de um focinho do outro”? Pois bem, essa expressão cai como uma luva para o que acontece com Fátima Luisa De Maria Schroeder, presidente da Naturae Vitae (http://www.naturaevitae.org/ – site novíssimo no ar em no máximo dois meses). Desde que essa bióloga (baririense de nascimento e bauruense por adoção), criou a ONG em 2002, por iniciativa dela e de duas estudantes da UNESP, pegou o estigma de ser a identidade do trabalho executado. Por fazer tudo com muito empenho e dedicação não tem mais como dissociar um de outro. E convive com isso muito bem. O interessante do seu trabalho com os animais é que nada por lá é assistencialista, pois não existe abrigo para os animais abandonados e sim, processar criminalmente as pessoas que cometem maus tratos. Ela diz que 99% das ONGs de animais oferecem abrigo, mas na Naturae a proposta é outra. Pode até arrumar um lar provisório, em situações extremadas, mas isso não é praxe. Essa dedicação vem de longe, já no ginásio despertou essa paixão pelos animais e hoje, mesmo com sua vida transformada, reconhecida nas ruas, abordada nos mais diferentes lugares, sua rotina é a mesma de sempre, intensa e contagiante. Conta já ter conseguido criminalizar três pessoas pelos tais maus tratos e atua com uma lista de mais de 500 e-mails, que circulam diariamente entre gente disposta a colaborar, conseguindo localizar animais perdidos, buscar pouso seguro para outros e também, ração e medicamentos para outro tanto. Segundo ela, o primeiro questionamento a ser respondido por quem encontra um animal perdido é o “Resgatei. E agora?”. Convive diariamente entre cães e gatos, mas define bem sua preferência: “Na corrida, na disputa entre as raças, o gato ganha por uma cabeça do cão. É mais pomposo, rabo erguido, anda com o pescoço para cima, se vira sozinho”. Fátima, que também já tentou ser vereadora (teve 497 votos na última eleição), segue em função da vida que escolheu levar, apoiada por outras pessoas que pensam e agem de forma idêntica a ela (a húngara Maritza e sua filha Bórika, são algumas delas). São diferenciadas no que fazem. E fazem disso uma espécie de missão, algo sem fim, renovado a cada dia.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

DICAS (63)

EU FAÇO A DIFERENÇA, DILMA É POP e A CUBANA YUSA
1. Segunda, 23/08, 20h, vou junto a outros convidados na festa de lançamento da 3ª Semana da Diversidade, promoção da Associação Bauru pela Diversidade, do trio Markinhos, Rick Ferreira e João Winck, que esse ano recebe como tema um “Ame a Vida – Diga não à violência”. O evento de segunda foi a entrega de um troféu para personalidades da cidade que se destacaram e fizerem jus ao título de “Eu faço a diferença” (defesa contra intolerância, preconceitos e injustiças). Tudo muito belo e dignificante. Gosto disso, mas presencio também algumas escolhas mais do que políticas, normais nesse tipo de evento. Como se diz por aqui, “faz parte”. Alguns muito justos e dignos, como o do vereador Roque Ferreira pelo respeito aos Direitos Humanos (presidente dessa comissão na Câmara), Marlene Têndolo da SEBES, a Malu da Associação Comunitária Caná, a Vila Vicentina pelo acolhimento aos idosos, Ademir Elias pelos Direitos da Comunidade Negra e o proprietário do Posto Petrobras da Rodrigues, pela empregabilidade a deficientes, entre outros. Sentei junto a amigos, papeamos muito e comemos bem. Assistimos a um belo show performático com a Rainha de Copas Rúbia Bittencourt e uma bela apresentação da Giovanna Gery. Por fim, entre risos, já nos preparativos para todos ali sairmos no domingo, 29/08, na Parada da Diversidade, escrevi com uma pilot uma frase que deverá estampar o meu estandarte no evento das ruas:
“SAKA I, Ó MEU: PRECONCEITO É COISA DE QUEM TEM ALGO ESCONDIDO NO ARMÁRIO". É assim que descerei a avenida.

2. Chegaram as camisetas do DILMA É POP encomendadas no Rio, graças a prestativa ação da cunhada Letícia (dica do blog Buteco do Edu). Não foram muitas, mas ontem já desfilei no SESC, no show (divinal, por sinal) da cubana YUSA. Distribuo hoje as encomendas na cidade e lá no SESC fico sabendo que o Freitas (http://www.beneditobru.blogspot.com/) já deixou a artes de uma delas (a com as quatro imagens da Dilma) na estamparia TRENA (r. Virgilio Malta nº 6-57 – fone 3223.5823). Estou enviando as demais imagens pelo e-mail deles e os interessados devem procurá-los pessoalmente. Ninguém quer ter lucro com isso, pois a intenção é difundir as estampas o máximo possível. Hoje, quarta, 26/08, dia em que o calçadão da Batista receberá Serra e Alckmin, nada melhor do que expor a preferência do eleitorado brasileiro estampada no peito. É o que farei. Continuo a receber emails variados sobre algo a discriminar Dilma pela sua participação na luta armada contra a Ditadura Militar. Cada um mais reacionário que o outro, com invencionices, que só mesmo os muito fora da realidade podem acreditar. Combater isso é o mínimo que qualquer pessoa sensata pode fazer. Eu faço...
...
3. E por falar em YUSA, um belo show, intimista, sozinha no palco, revezando o dedilhamento a uma guitarra e um violão. Um show quase que só com gravações próprias e um declarado amor pela América Latina (acabava de cantar na Argentina). Ficou muito interessada em conhecer as cubanas residentes aqui em Bauru (uma pena, não vi Rosa Tolon por lá) e vibrou ao saber que um grupo de 20 bauruenses está definindo uma ida, em janeiro próximo, num Congresso em Havana e quer contar com sua ajuda como guia (contatos serão feitos). Duas feras aplaudiram em pé a cubana, João Biano, do Mister Up e Manu Saggioro, daí concluo que não estou me excedendo, pois de música ambos entendem. Gostei tanto que sai de lá com o CD à tiracolo, o “Haiku” (fui ouvindo pelas ruas da cidade), deixo a dica para vê-la no http://www.yusamusica.com/ e www.myspace/yusaspace.com .

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DROPS - HISTÓRIAS REALMENTE ACONTECIDAS (37)

LIVROS, UMA FEIRA DE TROCAS E UM PACOTE NO PORTÃO
Eu não me canso de escrever sobre livros. Sempre eles. Hoje duas histórias, desconexas e com tudo a ver. Relações incestuosas. Na segunda, 23/08, descubro passando pela Avenida Nações Unidas estar aberta e em pleno funcionamento a 7ª Feira Itinerante de Livros do SENAC, de 23 a 28/08. Não resisto, paro e vou lá papear com a Marinês Rodrigues Ferreira (ela é esposa do meu amigo Valtinho, ex-Museu Ferroviário), 18 anos de SENAC e desde o início "a faz tudo" na feira de trocas (falei dela aqui ano passado, lembram-se?). Vasculho e confirmo o que ela havia me dito momentos antes: “Nesse ano, muita coisa infantil”. Pesco um, o “Histórias Humanas”, um achado, do Charles Dickens, numa edição de 1961. Dentro encontro a sua nota fiscal de compra, editora Cultrix, de uma mulher de Votuporanga. Intacto e pronto para ser devorado. Sem nenhum livro naquele momento, ela o guarda e me pede que pode fazê-lo só até na terça. Eu volto e efetuo o escambo dentro do combinado. Um para lá, outro para cá. Escrevo aqui para divulgar melhor a Feira. Levem suas crianças e troquem os livros já lidos por outros. A banca está cheia deles. A criançada vai adorar o troca troca.

A outra história aconteceu no meu portão. Terça, 24/08, sou chamado ao portão, pois dizem, uma moça me chamava. Sim, era uma moça, minha amiga, a professora Vera Tamião, ali sorridente e com um imenso saco vermelho nas mãos. Vinha cumprir promessa feita meses atrás. Sua casa está ficando pequena demais para tantos livros e de alguns precisava se desfazer. Havia lhe contado a história da banca do Carioca, aquela na Feira do Rolo e serei o intermediário para levar uma batelada de novidades. E ela descarrega livros dos mais interessantes, não aquela porcariada que muitos despejam nas portas de bibliotecas quando querem limpar suas estantes. Diz que posso ficar com alguns, mas não todos. Devo deixar a maioria com ele e é o que farei. Recém chegado da feira de trocas do SENAC, digo a ela que os que escolher ficarem aqui pelo mafuá, outros colocarei no lugar. Ela acaba de chegar de uma viagem com o marido ao Maranhão e me trouxe um livro autografado de presente, o “Maranhão – Sonhos e Realidade”, de nada mais, nada menos que José Sarney. Diz que é um livro que, certamente eu não compraria, mas que preciso ler, para conhecer um pouco dos detalhes das peripécias do mandatário daquela "capitania hereditária" (é assim que ele a dirige). É o que farei. Ficarei ainda mais indignado com o que a clã que leva seu nome apronta naquele estado da federação. Vou até seu carro e descarrego mais livros. Um vizinho observa a ação e se interessa. Paramos para conversar e ela me conta uma história vivida nos seus tempos de diretora escolar. “Minha assistente reclamava que os livros da biblioteca iam e não voltavam. Eu dizia a ela que nada fizesse. Que livros deviam circular mesmo e se não voltavam é porque estavam sendo aproveitados”, me diz. Por fim, faz um denúncia, que confirmo com minha experiência de quando o filho cursava o que ainda chamo de ginásio na escola pública. A biblioteca abarrotada de bons livros, todos recém comprados e uma dificuldade imensa para os alunos poderem levá-los para casa. Vivenciei isso, pois queria emprestar alguns para mim e via a cara feia da responsável (isso merece um bom texto, não?). Vera se foi e prometo levá-la no próximo domingo para conhecer o Carioca. Nisso chega meu filho, fica encantado com alguns. Escolhe sete e sou obrigado a descarregar sete do mafuá para dentro do saco.

Essas duas historinhas me enchem de contentamento. Porém, uma triste constatação, ando lendo tão pouco e dificilmente chegarei aos 50 lidos neste ano (meta cumprida regiamente há mais de dez anos). Que faço para encontrar mais tempo para minhas leituras? Abdico um bocadinho desse vício mafuento.


Por fim, algo para ajudar um amigo. Abaixo o cartaz da Exposição ACERVO, realização do artista gráfico Gonçalez. Quem quer possuir belas ilustrações, todas originais, podendo emoldurá-las e decorar sua casa, eis o momento: