terça-feira, 31 de março de 2009

UMA MÚSICA (42)

MENTIRA - MANO CHAO
"Mentira lo que dice/ Mentira lo que da/ Mentira lo que hace/ Mentira lo que va.La Mentira..Mentira la mentira/ Mentira la verdad/ Mentira lo que cuece/ Bajo la oscuridadMentira, Mentira, la MentiraMentira el amor/ Mentira el sabor/ Mentira la que manda/ Mentira comandaMentira, Mentira, la MentiraMentira la tristeza/ Cuando empieza/ Mentira no se va/ Mentira, MentiraLa Mentira...Mentira no se borra/ Mentira no se olvida/ Mentira, la mentiraMentira cuando llega/ Mentira nunca se vaMentira/ Mentira la mentira/ Mentira la verdadTodo es mentira en este mundo/ Todo es mentira la verdad/ Todo es mentira yo me digo/ Todo es mentira ¿Por qué será?".

Alguns amigos me chamam de lerdo. Em alguns momentos acho que sou mesmo. Nesse caso que conto aqui, não tenho a menor dúvida. Fui com o Marcão para Buenos Aires só para assistir o comício/discurso do Chávez lá no estádio Ferrocarril, numa tarde/noite de 2007. Ao adentrar o estádio e na maior parte do tempo uma música ecoava por todos os lados. “Mentira, mentira...”, era a palavra insistentemente repetida. Aquilo martelou minha cabeça. Acho até que o Marcos havia me dito de quem era, mas fiquei boiando. No último domingo ao colocar um CD para ouvir, num churrasco na casa da Gi, eis a música. A quinta do CD “Clandestino”. Nem precisam dizer que pedi emprestado o tal CD (pirata, por sinal) e estou gastando de tanto ouvir no som do carro. Que lindo aquela batida intercalada e ele apregoando contra as mentiras desse mundo. Saio a partir desse momento em busca dos CDs do Mano Chao, um parisiense (26/06/1961), cujo nome completo é Jose-Manuel Thomas Arthur Chao. Recomendar que ouçam Mano Chao seria algo desnecessário, pois acho que só eu não havia me dado conta dos versos revolucionários desse cara, com entonação latina e cantando o que gostaria de estivesse acontecendo com nossa América Latina, uma revolta contra as injustiças seculares que lhe impuseram. Ele já tocou no Brasil em algumas oportunidades, inclusive na ECO 92 e na próxima, podem escrever, vou estar lá. O Youtube tem porcaria a dar com pau, mas tudo o que procuro acho por lá. Ouçam comigo essa versão do “Mentira”:
http://www.youtube.com/watch?v=CV6gS7PuILE
E por fim uma frase dele em Sampa, 2004, antes de um show: "Que necessidade é essa de ser tudo sempre novo, essa ditadura do novo? Eu pessoalmente não funciono assim, não. Tenho a mesma moto há 15 anos, e ela funciona, não preciso do último modelo da Honda ou da Suzuki. Tenho uma relação amistosa com as coisas. Essa coisa da sociedade de tudo ser novo, novo, novo, eu não aceito essa ditadura". Pronto, bateu mais uma empatia.
EM TEMPO: Com esse texto completo 500 postagens aqui no Mafuá. Um número redondo, que gostaria de compartilhar com todos que se prestam a ler o que escrevo, concordando ou discordando. Deixo aqui registradas minha forma de agir, de ser e de estar. E o faço com prazer, como tento levar minha vida.

segunda-feira, 30 de março de 2009

MEMÓRIA ORAL (63)

O CARA DE ITAQUI, QUE ESTAVA AQUI, VOLTOU PARA LÁ – Parte 2
No texto publicado em 17/03, um longo relato sobre Jocelino Reus Rodrigues da Silva, 37 anos, um gaúcho de Itaqui que havia batido no meu portão durante o carnaval e percebendo não tratar-se de um típico morador de rua, envio e-mails para entidades de sua cidade, solicitando informações a seu respeito. Quem responde de imediato é Silvio Mendes, assessor do Gabinete do Prefeito (http://www.itaqui.rs.gov.br/). Sua família é encontrada, colocada em contato com o desgarrado membro, sumido há aproximadamente um ano, após a perda da mãe. Os contatos entre as duas cidades são quase diários, feitos com auxílio da Prefeitura daquela cidade, tendo como mediadores a minha pessoa, Sílvio e a assistente social, Luciana Aparecida Fazio Dias, da Casa de Referência dos Moradores de Rua, entidade ligada ao Centro Espírita Amor & Caridade. Acompanhamos todo o desenrolar da trama, juntamente com Cristina Camargo, jornalista do Bom Dia local, todos envolvidíssimos com o desenrolar dos acontecimentos.

A cada dia uma novidade nova. Jocelino sempre se mostrou bastante arredio a qualquer tipo de tratamento: “Não sou louco, não preciso de tratamento nenhum. Perdi a mãe, que sempre esteve ao meu lado e não vi mais motivo de continuar lá. Avisei a todos que faria isso. Trabalhei esse tempo todo e gostei muito de Bauru, onde fiz amizades e recebi amparo”, relatava um enfático e decidido Jocelino. O fato é que as duas últimas semanas foram de intensos contatos. Em momentos tudo avançava, Jocelino falava com parentes e amigos, dizia que voltaria para sua cidade, em outros, após os contatos com os da rua, afirmava que não voltaria de jeito nenhum. Por fim, algo de concreto: “Volto, mas só para passar uns dias, rever os parentes, amigos e visitar o túmulo de minha mãe”. Já era um grande avanço. Sempre negou morar nas ruas, mas as evidências confirmavam o contrário, pois todos o viam dormindo sempre junto aos moradores de rua.

No sul, a irmã Ulisséia liderou uma campanha conseguindo arrecadar os R$ 800 necessários para que Sílvio viesse até Bauru de ônibus e voltasse com seu irmão. Faltava o convencimento final. Jocelino continuou me visitando todos os dias e a me ver passando diante de si nas ruas, corria em minha direção. Tornamos-nos amigos. Cita meu nome em todos os lugares por onde anda. Fico conhecido na região compreendida entre os trilhos férreos e a estação rodoviária, área escolhida pelos moradores de rua para irem se ajeitando. Sempre me falava de trabalhos esporádicos, planos e negócios, numa imaginação muito fértil, porém sem nada de concreto e palpável. Sua rotina mais conhecida era das marquises, onde dormia, para os bares e uns bicos, onde conseguia algum para comer.

Durante esse tempo todo quem muito auxiliou foi Luciana, que trabalha com os moradores de rua há um ano, após ampla experiência com deficientes mentais na conhecida unidade do Paiva, com trabalhos junto a doentes mentais. Tentamos juntos convencer Jocelino, da importância de passar algumas horas diárias na Casa de Referência, onde lavaria suas roupas, teria lanche e pouco gratuitos, além de toda assistência que necessitasse. Ela chegou a visitar pessoalmente os locais onde ele dizia morar e trabalhar. Quando nos aproximávamos da realidade, ele se mostrava arredio e áspero. Conseguimos sua ida à Casa somente na quinta, 26/03, quando Silvio anunciou que sairia de Porto Alegre naquele dia com destino a Bauru.

Nesse dia, Jocelino passou boa parte do dia ao lado de Luciana, onde lavou suas roupas, fez a barba e lanchou junto aos quase 30 freqüentadores diários. Surge outro problema, ele acabara de ser contratado para um serviço esporádico como ajudante num transporte de sucata de Bauru para Campo Mourão. Não havia como segurá-lo aqui e nem como adiar a chegada de Sílvio. Sílvio chega e espera o retorno de Jocelino, programado para domingo, quando conversariam sobre o provável retorno. Percorre comigo na tarde de sexta os lugares freqüentados pelo amigo e conhece o trabalho desenvolvido por Luciana. Fica no hotel a aguardar o momento do contato, uma vez que Jocelino nada sabe de sua chegada.

Na tarde de sábado, por volta das 18h, quando me preparava para assistir o jogo do Noroeste num telão instalado num posto de combustível, eis que Jocelino surge diante de casa. Vamos os três assistir o tal jogo. Eles, que nada tinham em comum com o meu sofrimento, acabaram por se juntar a infrutífera torcida. Perdemos o jogo (Mirassol 3 x 0 Noroeste), mas avançamos muito na conversa. O encontro entre ambos foi emocionante. Reviveram histórias variadas e Jocelino aceita o retorno nas seguintes condições: “Desde que assumam o compromisso de que me pagam a viagem de volta, pois vou a passeio por uma semana. Aceito ir amanhã”. E assim foi feito. Jocelino foi se despedir dos conhecidos, inclusive de uma namorada, preparar o que iria levar, indo também a um baile no Veredas, prometendo estar defronte minha casa no domingo às 11h.

E assim foi feito. Sílvio reservou as passagens de volta para as 13h, via São Paulo, onde pegariam outro ônibus às 19h, esse com destino final a Itaqui. Conversamos com a irmã Ulisséia e com o prefeito de Itaqui, Gil, por telefone e com os compromissos renovados, ambos almoçam no Tempero Manero da Kennedy e, junto a mim, que não desgrudei deles na manhã toda, embarcam na viagem de retorno. Foram emocionantes os abraços de despedida, de seladas amizades e de ajuda para o retorno. Sílvio, o prefeito Gil, os parentes e amigos farão de tudo para que ele mude de idéia. Não será uma tarefa das mais fáceis, porém a primeira etapa estava cumprida. Todos os envolvidos por aqui, os seus conhecidos e amigos o ajudaram a voltar, rever os seus e tentar um reinício de vida nova, fora das ruas e com um acompanhamento profissional, para recuperar a perda da mãe.

Hoje, segunda pela manhã, eles continuam em viagem. Chegam a Itaqui no começo da noite. Nada sei sobre a recepção em sua cidade, mas sei que as emoções serão fortes, pois ao sair daqui, estava em prantos. De minha parte, fiz novos amigos, principalmente Jocelino, que se mostrou uma pessoa sensível, um gaúcho valente e batalhador, figura humana valorosa nesses tempos difíceis. Aliás, toda vez que me dirigia a ele com um argumento do tipo, “a coisa está difícil”, recebia como resposta uma lição, algo do tipo: “Difícil para vocês, pois para mim é bem simples. Não vejo dificuldade nenhuma nisso” e tentava me mostrar o melhor caminho para solucionar o imbróglio. Aprendi muito com ele. E continuarei a aprender, pois essa história está longe de terminar.

domingo, 29 de março de 2009

COLUNA NO JORNAL BOM DIA (14) E A RETOMADA DE UM MOVIMENTO

D’INCAO E A HISTÓRIA - Esse texto saiu publicado no Bom Dia de ontem, 28/03
Educação é algo muito sério. O ensino de História mais ainda. Presenciei algo admirável nesses dias, a I Semana Latino-Americana, organizada pelo Colégio D’Incao, com palestras e debates sobre essas questões, muito próximas de todos nós.

Imagine o amontoado de inverdades repassadas via imprensa, tudo isso fermentando na cabeça dos estudantes e sendo repetido na escola. A maioria perderá o espírito crítico e a tendência é serem vaquinhas de presépio pelo resto de suas vidas, mugindo bovinamente.

Não me passa pela cabeça um professor enfatizar as quatro mortes a jagunços, feitas por militantes sem-terra, sem sequer tocar nos mais de mil trabalhadores mortos no campo. A ênfase ao caso isolado do asilo ao boxeador cubano, sem mostrar a Cuba resistente e altaneira dos que não querem sair de lá de jeito nenhum. O cutucar o Governo pela posição no caso Battisti, sem mostrar o papel grandioso de nossa política internacional. O que acontece com Cuba, Bolívia, Equador e Venezuela precisa ser entendido, não execrado.

A História não pode ser caolha. Não deve tomar partido. O ideal é sempre a isenção, o mostrar os dois lados da questão. Isso é difícil, pois interesses estão em jogo, mas não impossível.

Carlos D’Incao, o diretor daquele colégio mostra que isso é possível. Uma das nossas escolas particulares mais modernas, caras, para um poder aquisitivo alto, porém daqueles a não brincar com a História, não falsear os fatos e não ter medo de expor isso aos seus alunos. Parabéns!
Em tempo: A Semana do D'Incao extrapolou a semana que findou, nessa segunda, 30/03, Valter Pomar, Relações Internacionais do PT, fala sobre Política Internacional Latino-Americana e no dia 06/04, Beto Maringoni fala sobre o Papel da Venezuela no nosso contexto e claro, sobre Chávez.

A RETAMADA DO FNDC (FÓRUM NACIONAL DEMOCRATIZAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES)
Participo das discussões do Fórum desde sua criação em Bauru, primeiro representando a Secretaria Municipal de Cultura, hoje por conta própria e da Associação Amigos dos Museus de Bauru. Sandra Spósito, do CRP - Conselho Regional de Psicologia - local é nossa dirigente. Na última quinta, 26/03, estivemos novamente reunidos, eu, ela, o Nilton, da Mega Blitz (sabe que não sei seu sobrenome) e uma pessoa revolucionária e das mais interessantes, daquelas que nos surpreendem logo de cara, o Antonio Sardinha. Esse, recém chegado em Bauru, cursando uma pós na área de Comunicação na Unesp local, chega da matogrossense Campo Grande, com um cabedal de impressionar, prontinho para balançar as estruturas do sistema. Nesse reencontro algo de concreto: a data de uma reunião coletiva de reestruturação do movimento na cidade, dia 16/04, com possibilidades mil de ampliação e ramificação. Para quem nem sabe direito o que venha a ser esse negócio de FNDC, um texto abaixo e o site para leituras variadas: http://www.fndc.org.br/ . Lá duas coisinhas das mais interessantes, um Mapa da Mídia nacional e as tratativas sobre o Movimento Pró-Conferência. É que durante o Fórum Social Mundial, realizado em Belém, o presidente Lula anuncia que o Governo Federal irá realizar ainda em 2009 a CNC - Conferência Nacional de Comunicação. Muita gente se vira no túmulo, outros caem das cadeiras só de pensar nisso. Estar antenados e participando disso tudo é algo importantíssimo. A dica está dada.

Quem Somos
Criado em julho de 1991 como movimento social e transformando-se em entidade em 20 de agosto 1995, o Fórum congrega entidades da sociedade civil para enfrentar os problemas da área das comunicações no País. A retomada de suas atividades, a partir do final de 2001, coincidiu com o momento histórico em que um projeto nacional de caráter popular chega ao poder da Administração Pública Federal. Simultaneamente, toda regulamentação da área das comunicações está sendo revista e a sociedade brasileira deve enfrentar o momento histórico de definir qual digitalização das comunicações será mais emancipadora para o Brasil.
Antecipando-se a este cenário, o Fórum formulou e apresentou ao governo federal um
programa para a área das comunicações voltado para a construção da democracia, da cidadania e da nacionalidade no Brasil. O texto foi construído durante a realização de sua IX Plenária, ocorrida no Rio de Janeiro, entre 14 e 16 de junho de 2002. De lá para cá, representantes FNDC passaram a atuar na base, com seus 12 comitês regionais instalados em nove estados da federação, e em espaços institucionais como o Conselho de Comunicação Social e o Comitê Consultivo do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD).

sábado, 28 de março de 2009

DIÁRIO DE CUBA (26)

CHEGANDO EM CIENFUEGOS
Chegamos em Havana no dia 8/3/2008 e relato hoje as anotações de 15/03, o sábado seguinte. Estávamos na rodoviária de Santa Clara e prontos para conhecer a terceira cidade cubana, Cienfuegos. Um senhor nos chama a atenção, o que libera as passagens para a plataforma de embarque. Pedimos informações, somos prontamente atendidos e depois que o movimento se mormaliza, aproxima-se para um papo. Diz entender bem nossa língua, pois havia trabalhado por dois anos em Angola, durante a guerra de libertação daquele país. "Não atuei na frente de batalha e sim, na retaguarda, na distribuição e recepção de carne para os soldados. Ainda hoje muitos cubanos continuam por lá, cuidando do setor de saúde, muitas epidemias e da construção civil, principalmente estradas", relata Silvio, por volta dos 50 anos. Acaba nos passando dicas sobre como devemos proceder no contato com os cubanos, facilitando o entendimento entre o linguajar e um melhor relacionamento. Mais um que fica ao nosso lado, muito falante, fazendo questão de contar passagens de sua vida. Ouvimos até quase na hora do embarque. Adoramos isso.

A viagem é relativamente rápida, pois a distância entre as duas cidades não é muito grande. Partimos as 11h20 e nossa chegada é às 12h50. Fico grudado na janela, como bom observador de paisagens. O tempo passa muito rápido nessas horas, um vapt-vupt. Não fizemos reserva em nenhum hotel e fomos de táxi (5 pesos)para um tal de Palácio Azul. A primeira impressão é o mar, muito lindo ao lado da pista e bem defronte o hotel. Não havia vagas. A recepcionista liga em outros dois. Por telefone é feita a reserva para o La Union (110 pesos). Resolvemos ir a pé, pela orla, numa distância de uns dois quilometros. Sol forte, calor e a brisa do mar a nos refrescar. Foi o melhor hotel em toda a estadia. Passamos dos nossos limites econômicos, mas já que assim havia sido feito, um breve relaxamento e vamos dar a primeira olhada na cidade, que possui um centro histórico dos mais interessantes. Sem contatos na cidade, queríamos nesse primeiro momento olhar bastante e dar uma reconhecida no local.

Estávamos no Centro Histórico Urbano de Cienfuegos, considerado pela Unesco em 2005 como Patrimônio Cultural da Humanidade. O epicentro é uma grande praça retangular, cercada de prédios históricos por todos os lados. Caminhamos por todos os lados, nesse primeiro momento somente do lado de fora. Por ali muitos museus e instituições culturais e um grande movimento de turistas. Subimos a rua do boulevard, fechada ao tráfego de carros, até uma larga avenida e por ela outra longa caminhada. Uma parada para um refrigente cubano (refresco de limão). Damos uma volta quase completa em toda parte histórica. Seguimos em frente até uma muralha à beira mar. Vou segurando o Marcos nos detalhes arquitetônicos e históricos, fazendo uma relação com minha atividade voltada para o patrimônio Cultural de Bauru. E cada detalhe possuia uma importância específica. Ficamos boa parte do dia envolvidos nesse reconhecimento. Acabamos tendo poucos contatos com cubanos, pois privilegiamos nesse primeiro momento o andar, fotografar, filmar e curiosos, andar muito.

Cansados, quase no final da tarde, sentamos num dos cantos da praça e ficamos a observar as pessoas. O cubano leva uma vida muito menos agitada, sem aquela correria característica dos países capitalistas. Com toda a certeza devem viver muito mais que nós, envolvidos dos pés à cabeça num pega pra capar desde que nascemos. Divagamos sobre isso. Começo a ouvir um som diferente vindo não sei de onde. Algo como uma banda tocando rock. Questiono o Marcos e após uma averiguada descobrimos vir de um casarão. Fomos ver do que se tratava e descobrimos muitos jovens ensaiando numa grande sala vazia, no primeiro andar de um desses casarões históricos. Nos juntamos a eles e ficamos a papear por um longo tempo, mas conto tudo só no proximo relato.

sexta-feira, 27 de março de 2009

UMA FRASE (32)

A FRASE DE MILLÔR E A SAÍDA DE MÁRCIO MIRANDA DA AURI-VERDE
Primeiro a famosa frase de Millôr Fernandes:
"Imprensa é oposição, o resto é armazém de secos e molhados".

No JC de hoje algo me chama a atenção (O Bom Dia fui ler só à tarde). Márcio Miranda não apresenta mais o Vanguardão, o famoso noticiário do horário do almoço na rádio Jovem Auri-Verde, a mais ouvida em Bauru. No motivo da saída, a preocupação, pois ocorre por não querer mudar o estilo “metralhadora giratória”, num momento em que a rádio fecha contrato de voltar a transmitir as sessões da Câmara de Vereadores. Algo está claro, pressões ocorreram para que abrandasse a pauleira nos “nobres legisladores”. Deixo claro que não gosto do estilo do Márcio, pois atira para todos os lados, mais errando que acertando. Bate ao seu bel prazer e em momentos se mostra progressista, em outros retrógrado. Não consegui defini-lo a contento. Perseguia o ex-prefeito Tuga como uma espécie de mania. Foi injusto na maioria das vezes e pouco aceitava mostrar o lado da austeridade administrativa. Bateu também injustamente, por osmose, em todo secretariado de Tuga. Ouço a Auri-Verde, como faço com todas as demais rádios bauruenses, pois gosto demais desse meio de comunicação. E continuarei a ouvi-la, respeitando muito os que por lá estão. Da saída, uma breve comparação. Comentando sobre os programas atuais de humor na TV, dentre eles o Casseta, um articulista afirma: “Na TV Globo, piada por piada, melhor ficar com o Jornal Nacional”. Quer dizer, quem conhece sabe que não irá encontrar informações muito honestas no principal jornalismo da TV Globo. Os motivos todos nós conhecemos. A frase de Millôr encaixa justamente aqui. O mesmo deve acontecer com a Auri-Verde, pois estão presenteando nossos vereadores com uma aureola para cada um deles. Ouvir o noticiário já ciente de que nem tudo estará sendo comentado é desalentador. Daí a pergunta que me faço: Criticam Cuba à exaustão por uma suposta restrição de liberdades, mas afinal, existe mesmo a tal da liberdade de expressão na imprensa brasileira? Fatos como esses provam exatamente o contrário. Está tudo tão claro, não?
Em tempo 1: Deixo claro que, esse tipo de procedimento não é exclusividade da Auri-Verde. É linha quase geral. Mola mestra.
Em Tempo 2: Ouço hoje o programa para ver quem é o novo comandante do Vanguardão. Gosto demais do estilo do Franco Jr, da forma bem profissional como apresentava o noticiário.

quinta-feira, 26 de março de 2009

UM AMIGO DO PEITO (17)

PARTICIPEI DA CAMPANHA DO WAMBERTO EM IGARAÇU DO TIETÊ E REVI MARCELO CAVINATO
Na quarta fui trabalhar em Igaraçu do Tietê e Barra Bonita. Sabia que em Igaraçu o bicho estava pegando, pois uma decisão judicial havia determinado no dia anterior, que no próximo domingo, 29/3, haverá nova eleição municipal. A do ano passado foi impugnada por constatação de irregularidades. Sendo assim, a cidade estava em ebulição, com as campanhas nas ruas. No caminho ligo para o amigo MARCELO CAVINATO, que foi candidato à prefeito pelo PT na Barra. Ele está nas ruas junto do candidato que seu partido apóia, o Wamberto, do PSB, da vice, a Chica e de uma visita das mais ilustres, o ex-prefeito de Botucatu, Ielo (esse um petista que honra o nome do partido). Esqueço do trabalho e me junto ao grupo na Cohab, ficando pelas ruas daquele bairro até por volta das 14h. O grande motivador é a presença de gente que quer dar uma cara nova para aquela cidade, desatrelar as amarras com os grupos econômicos e oligarquicos. O arquiteto Ielo eu já conhecia (estava junto do ex-assessor Everaldo Rocha). Marcelo me apresentou o pessoal de Igaraçu e quando me falou do passado de Wamberto, a luta dentro de um pequeno jornal local, as brigas com o poder constituido do PSDB, aderi na hora e de botton colado no peito, me juntei ao animado grupo. Contribuir para desbancar uma prefeitura nas mãos tucanas é algo que me anima. E ali as possibilidades são bem concretas. No almoço, um contato mais próximo com o Ielo e suas perspectivas para o futuro. Só de saber que pensa em se dedicar a projeto dentro da temática ferroviária, pronto, bateu outra empatia. Trocamos emails e falamos de um grande amigo em comum, Tristan Diercks (desaprendi a escrever seu nome), um "mercenário" belga/francês, que casou de novo e não me convidou para a festança. Com Cavinato o papo foi mais alongado. Falou dos detalhes da traição eleitoral em sua campanha, dos planos futuros, das atividades profissionais e do gosto por fazer política de uma forma bem participativa e democrática. Wamberto está com grandes chances e o corpo-a-corpo continua por lá. Sem rejeição no contato com a população, os próximos dias serão vividos intensamente. Tive que me desligar do grupo e trabalhar um pouco no final da tarde, pois preciso continuar pagando minhas contas. Porém, o fiz com dor no coração.

Do Marcelo Cavinato, 45 anos, formado em Administração de Empresas pela FGV, fundador das ONGs SOS Mata Atlântica e Mãe Natureza, além de ter sido vereador entre 2001 e 2004, algo sobre a questão ambiental em sua cidade, extraído de um entrevista recém dada a um jornal local, exprimindo bem o seu pensamento: "Simplesmente não existe coleta seletiva de lixo na Barra, apesar da prefeitura fazer a coleta de lixo diária, todo lixo reciclado vai pro aterro sanitário, o que é um crime, pois o gás metano que é exalado do lixo putrefeito é o mais perverso pra camada de ozônio, além é lógico de encurtar demasiadamente a vida útil do aterro.(...) A situação da Ecobarra é igual a que estava antes, ou seja, abandonada sem energia elétrica, com o caminhão que foi doado pelo Banco do Brasil parado, com poucas famílias ainda vinculadas ao projeto, sem dizer que periga perder o apoio do BNDES por não cumprir metas mínimas estabelecidas pelo banco. (...) Parou a coleta seletiva nas escolas, pois sem vontade política as coisas não acontecem pois é muito mais fácil jogar na rua ou em qualquer lugar, mesmo no lixo junto com o orgânico, sem dizer que o trabalho com criança tem que ser contínuo, tem que ter uma seqüência , levar pra conhecer o aterro sanitário, a ETE (estação de tratamento de esgoto), o parque ecológico, entre tantos lugares. (...) A razão para tudo estar abandonado na Barra, além da falta de vontade política e compromisso com as questões ambientais, tem também a falta de estrutura, por exemplo, a prefeitura de Barra Bonita, uma cidade com quase 40 mil habitantes e com a maior usina de açúcar e álcool do Brasil, não tem um engenheiro agrônomo em seus quadros, nem para área agrícola nem pra manutenção de praças e logradouros públicos. Nem sequer um viveiro de mudas pra repor as arvores sacrificadas ou mesmo uma equipe pra cuidar do paisagismo. O Departamento que foi criado quando fui Vereador, hoje não tem estrutura nenhuma. (...) Diante de todos esses problemas é imediato a nomeação do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente que está inativo, contratar um engenheiro agrônomo, construir um viveiro de mudas ( no horto ou no sítio escola), limpar as APPs e o Parque ecológico, reorganizar a Ecobarra.... ou seja assumir os problemas e trabalhar !!!". Esse é meu amigo Marcelo Cavinato, daqueles onde a pilha que o move é "alcalina", pois não termina a carga nunca. Haja folêgo!